A razão da minha ausência é muito simples: tenho-me concentrado num recém nascido que começou por apenas mamar e dormir e passou depois a incluir também cólicas ou dores de barriga.
Em parte, e como já suspeitava, a transição de dois para três filhos não é nada drástica. Já praticávamos uma ginástica de distribuição de tarefas e de bom aproveitamento do (pouco) tempo que temos e continuamos com a maioria das rotinas que tínhamos antes. A diferença é que o bebé ainda exige que me concentre exclusivamente nele (principalmente quando são horas da amamentação que, apesar de correr muito bem, é sempre uma pequena luta entre nós os dois) e isso causa algum desequilíbrio se o pai não está. Sei que é uma situação passageira e que assim que passarmos o quarto trimestre (este período em que o bebé ainda devia estar no conforto da barriga da mãe) provavelmente as coisas vão melhorar. Por enquanto, levo as coisas na base da reacção e tento apagar os fogos o melhor que posso (acudir à pequena a meio da noite com o bebé na mama, por exemplo, implica uma certa ginástica...).
A amamentação, já o disse, vai bastante bem mas deu pano para mangas. Sendo ele um bebé prematuro, estava sujeito a horários rígidos de alimentação enquanto estava na unidade de neonatologia - de quatro em quatro horas em ponto, uma quantidad3e de leite pré-estabelecida. Quando pôde ir para casa, as instruções eram basicamente as mesmas, apenas com o conselho de deixar o biberon e passar apenas à amamentação directa. Na primeira consulta de seguimento com a parteira, ficou claro que o peso do Augusto não tinha aumentado muito mas que devia continuar a evitar o biberon. Depois, seguiu-se uma consulta com a pediatra que foi um balde de água fria: a médica achava-o desidratado, ainda com icterícia e com um ganho de peso muito fraco. Eu sabia que ele não tinha aumentado muito mas achava que estaria longe de desidratado mas se a médica o dizia, quem era eu para discordar? Saí da consulta desolada, sem perceber se estava a fazer a coisa certa e muito desmoralizada por, aparentemente, não estar a ler bem os sinais do meu bebé.
Mas nesse mesmo dia, umas horas mais tarde, tive a segunda consulta com a parteira, a quem contei o que se passara e a quem expliquei as minhas dúvidas. Sentia-me ridícula: afinal, ao terceiro filho, esta mãe não percebia nada do assunto de manter um bebé vivo e em boas condições de saúde? Depois de examinar o bebé e de o ver a mamar, a parteira achou que a pediatra talvez tivesse exagerado e que, principalmente, não existiam sinais de subnutrição. Depois de muitos conselhos, deixou-me a frase que me manteve à tona nos dias seguintes: confie em si mesma e confie no seu bebé, ambos sabem o que é melhor. E foi isso que eu fiz porque o meu instinto maternal assim o ditava. E o resultado foi que, no espaço de uma semana, o bebé aumentou quatrocentos gramas, muito acima dos normais cento e vinte, cento e cinquenta. Às vezes a nossa intuição está certa mas precisamos de um empurrão do exterior para poder validá-la e é muito importante encontrar este apoio, quer na família ou nos profissionais, como foi o caso. Fiquei impressionada com a quantidade e diversidade de ajuda que existe para as mães que desejem amamentar: desde consultantes de aleitamento ainda no hospital, ao seguimento porterior pelas parteiras, à facilidade em alugar uma bomba para extrair o leite nos primeiros tempos. O que me deixou um pouco desorientada (verti mesmo umas lágrimas, confesso...) foram as opiniões profissionais tão diferentes (equipa de neonatologia vs. pediatra vs. parteira). Valeu ouvir aquela voz interior e optar por segui-la sem medos.
É natural que os meus dias agora se resumam à interação com cada um dos nossos filhos (embora consiga incluir neles as mil tarefas domésticas e algum tempo de lazer Há noites em que consigo mesmo ler um par de páginas!). Aguentem os cavalos, a emissão volta ao normal dentro de momentos.
4 comentários:
Olá Marisa,
Acreditas que hoje abri o Old Reader e pensei em ti, porque o teu blog é um dos que mais gosto de ler. Pensei em ti porque já não escrevias nada há tempo e pensei se estaria tudo a correr bem com o bebé e com a tua família. Já percebi que sim e fico feliz :)
Tudo de bom para vocês!
Não sou mãe, por isso não posso opinar muito, mas sempre ouvi dizer que as mães devem seguir os seus instintos, que sabem sempre o que é melhor para si e para os bebés. O que importa é que todos se sintam bem e estejam a aproveitar todos os momentos. Dizem que passa depressa :)
Já estava a sentir falta de notícias embora compreendesse. Tanta gente a dar opiniões e a deixar-te confusa! Ás vezes esses excessos de informação deixam as pessoas baralhadas! Mas pelos vistos tudo está no bom caminho.
Bjis
D.
Nada como seguir os seus instintos, ninguém conhece tão bem o seu bebé como a mãe.
O Augusto é valente, ainda bem que tudo está bem.
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