janeiro 03, 2018

Olha, já estamos em 2018!

Quase um mês. Quase um mês sem ter tempo ou (muitas vezes) paciência para escrever uma linha que fosse. Quase trinta dias a ter rascunhos de posts na cabeça, a imaginar inícios e títulos, a pensar se fazia sentido escrever sobre isto ou aquilo e depois nunca me sentar para o fazer. É duro ser mãe de três, é verdade, mas o que é verdadeiramente duro é dormir (muito mal). Com a rotina (banhos, pijama, jantar, acordar, roupa, escola/creche) dou-me eu bem. O que não suporto é a falta de sono. E eis que, quase chegados ao primeiro ano completo do senhor Augusto, ainda não se dorme a noite toda nesta casa. Não vou descrever outra vez o suplício, embora agora sinta que a exaustão aumentou mesmo exponencialmente.

O mês de Dezembro não vai deixar saudades. Primeiro foram os rapazes com gastroenterite, coisa leve mas ainda assim de estar vigilante. Depois foi a pequena que com tanta, tanta tosse acabou por ficar internada na clínica pediátrica durante quatro dias para poder receber o oxigénio que tanto lhe faltava. Depois fui eu a cair com a gastro, enquanto tomava conta dela no hospital. Ela teve finalmente alta, eu melhorei e eis que as -ites voltam a atacar: eu com um ataque monstruoso de sinusite, ela com duas otites mesmo acabada de sair do hospital. Frequentei mais as urgências da clínica pediátrica e alguns médicos do que alguma vez imaginei possível. Não foi nada de grave, é claro, mas a sucessão de doenças e o facto de eu ter adoecido ao mesmo tempo que eles acabou com as minhas forças. Cheguei mesmo a chorar de desespero quando os deixei na creche um dia por alguns minutos: ela cheia de dor de ouvidos, o pequeno com alguma tosse mas eu a precisar que um médico me visse e me medicasse. Quando pensarem que a vida de emigrante é muito linda, pensem também como seria se não tivessem ninguém para vos ajudar - nenhuma família, poucos amigos, ninguém para ficar com os miúdos enquanto vocês mesmo tratam da vossa saúde. Foi a pior semana dos últimos tempos e rezo para que esta combinação de doenças nunca mais volte a acontecer.

Ainda conseguimos ir a Portugal. Foi a primeira vez que fomos de carro nesta altura do ano e, meteorologicamente falando, não foi horrível. Para lá, o primeiro dia (atravessar França de uma ponta à outra) é extremamente difícil para mim mas mais leves para os miúdos; o segundo dia passa num instante para mim e numa eternidade para eles, que estão realmente fartos de estarem presos no carro. No regresso, atravessamos Espanha sem grandes queixas e chegamos a Bordéus com alguma tranquilidade; o segundo dia é o pior, pela extensão do caminho e o humor dos três pestinhas. Nada que não se faça e felizmente as más memórias apagam-se depressa, é engraçada esta nossa capacidade. Um pouco com a memória do parto: agora estás a maldizer a hora em que resolveste engravidar, nos minutos a seguir só já pensas naquele pequenino ser que ajudaste a vir ao mundo e nada mais importa. Chegados lá, a melhor prenda que Natal que pudemos ter foi tempo para respirar, oferta da nossa família, claro. Ao ficarem com os miúdos sempre que possível, ajudaram-nos a esquecer a semana interminável que tínhamos acabado de passar (esta não foi tão rápida de esquecer, infelizmente). Viemos carregados de presentes para os miúdos, de Sol e temperaturas invernais agradáveis, a respirar melhor mas também com aquele bichinho de poder voltar à nossa casa. A um quilómetro da fronteira com o Luxemburgo, um nevão a parar o trânsito porque estas pessoas nunca conduziram na neve e não sabem como se comportar...

E finalmente terminou 2017. Eu cá não dei por nada porque, costume desde que a Amália nasceu, estava a dormir. Quer dizer, acabei por saber quando tinha chegado a meia-noite graças aos inúmeros foguetes e outros espectáculos pirotécnicos que se faziam ouvir um pouco por todo o lado. Mas o sono era tanto que não fiz questão de estar acordada e, já que não tínhamos planos com mais ninguém, jantámos todos juntos (depois de um dia dos demónios fechados em casa), eu e o marido bebemos uma garrafinha de Esporão e depois acabou 2017 para mim. Já perdi a fé nas resoluções de Ano Novo mas há uma coisa que gostava mesmo que mudasse neste novo ano: gostava de ter mais paciência para os miúdos. Gostava de os entender melhor e, sobretudo, de vê-los como as outras pessoas os vêem: curiosos, livres, divertidos, inteligentes. Passam-se noites em que penso no que é que estou a fazer mal e sei reconhecer que muitas vezes estamos demasiado cansados para prestar toda a atenção necessária a cada um deles. Eu sinto que estamos a tentar fazer o melhor mas também que a coisa estoura muitas vezes por dá cá aquela palha. Tenho esperança de poder dormir mais este ano e, descansando um pouco mais, espero poder não me irritar por tudo e por nada. Não prometo mas gostava de chegar aqui no final do ano e riscar o meu únido desejo para este ano. Acrescento apenas mais um, de que me lembrei agora mesmo: gostava de aprender a tricotar mas as minhas tentativas até agora dizem-me que talvez tenha que ficar para uma próxima encarnação!

De resto, desejo a todos que ainda lêem este (muitas vezes moribundo) blog um Feliz Ano Novo! Espero que vos traga aprendizagem, tempo, paz de espírito e muito amor. E, já agora, algum dinheiro, que uma viagem ou dois ou três livros não se compram sozinhos!

4 comentários:

Alter Ego disse...

Bom ano!!!
Essa sensação de falta de paciência deve-se, muito provavelmente à falta de sono. Eu tenho dois, e só consegui dormir como deve ser ao final de 4 anos do primeiro... e sentia-me assim, em esgotamento, e sentia que não os conseguia ver/ aproveitar devidamente, que tinha o rastilho curto. Sei que é difícil, principalmente longe do grupo de apoio, mas garanto que vai melhorar e todos a magia das crianças vai voltar. Às vezes é bom exigir menos de nós próprios, nem que seja apenas numa semana ou fim de semana. Talvez não seja necessário o banho todos os dias, ou num dia possam comer uma papa ao jantar para simplificar. Tentamos a perfeição, mas às vezes ser apenas bons compensa a longo prazo.
De qualquer forma, se sentir sintomas significativos é bom procurar ajuda médica, nem que seja para ajudar a que o sono apesar de ser pouco seja funcional.
Gosto de ler o blog, por vezes identifico-me com situações e tem muito boa escrita. Obrigada por estar ai.

Anónimo disse...

Já estava a estranhar a tua ausência, embora imaginasse o motivo...
A Alter Ego dá-te uma boa sugestão, porque não banhos dia sim dia não pelo menos aos mais velhos, agora que é inverno e se sujam menos?
Como te compreendo relativamente ás noites sem dormir! Mas quem te poderá ajudar?
Que 2018 te conceda umas noites com mais umas horinhas de sono.
Beijinhos
D. (Só consigo comentar como anónima!?)

M. disse...

Obrigada por estarem aí também e pelos vossos conselhos :)

Há essas coisas que já fazemos, com certeza. Esquecemos os banhos às vezes nas Sextas e nem sempre temos um jantar quente e elaborado. Vivemos todos bem assim :) Só o sono continua a ser difícil, mas havemos de lá chegar :)

Helena Barreta disse...

Que seja um bom ano.

Um abraço