(Umas das coisas que mais tenho tido vontade de fazer é escrever sobre a
música que tenho escutado ou sobre o que tenho visto ou lido. Não com a
intenção de evangelizar alguém ou convencer da qualidade das minhas
escolhas mas simplesmente para escrever sobre o que estas coisas me
fazem sentir, pensar, imaginar. E por isso começo hoje aqui, com o álbum
que mais tenho ouvido nestes últimos dois meses.)
Ouvir estas canções é dar comigo num carro, vidros escancarados, uma estrada interminável a meio de um estado americano, a paisagem a alternar entre os campos cultivados e aquelas formações rochosas dos filmes. Eu talvez fuja de qualquer coisa, talvez procure a cura para o coração que acabam de me partir, sem saber sequer para onde vou. O único plano é ouvir as canções delas até ao infinito. Eu sentada à janela num diner de beira de estrada, sem saber como acabar um prato de ovos mexidos sem que as lágrimas forcem a sua saída. Eu a atestar o depósito e a sentir-me mais sozinha do que nunca. Eu a trocar olhares com um estranho que acaba de deixar o motel onde hoje vou dormir. Eu a achar que sei tudo sobre a solidão. Eu a decidir que hei-de conduzir até chegar ao mar. Pequena cidade atrás de pequena cidade, manadas de vacas, cavalos selvagens, a imagem gasta do último cowboy, a imagem gasta do romance que já ninguém quer, que já ninguém procura. Talvez tenha visto demasiados filmes, talvez tenha escutado demasiada música triste, talvez, apesar de tudo, às vezes ainda viva demasiado virada para dentro. Mas depois elas cantam assim, depois elas aparecem com estas músicas que eu gostava de ter escrito e sabem tocar e parecem mais sábias do que eu. E às tantas eu só já quero prolongar a viagem e conduzir de olhos fechados.
We had a great day I had a fever
Even though we forgot to eat Until I met you
And you had a bad dream Now you make me cool
Then we got no sleep But sometimes I still do
'Cause we were kissing Something embarassing
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