"Vejam bem... Ando a aturar esta peste há 55 anos..."
Os meus avós paternos fazem hoje 55 anos de casados. Podia ser uma mentira (a data assim levaria a pensar) mas não é. Sentei-me, com um de cada lado, enquanto a minha avó me fazia as queixas dele. O que era admirável era que ela dizia tudo com um sorriso, um sorriso malandro de quem sabe do que fala: que ele já não fazia ideia quantos anos eram, que se esquecia de tudo, que aproveita todos os minutos em que ela não o controla para dormir. Mas não estava cansada dele nem aborrecida - afinal, o casamento é apenas uma questão de boa gestão das tensões entre os dois (ela assim o diria, se conseguisse exprimir-se assim).
Daqui até à ideia que tenho hoje do amor foi um pequeno passo. Não que não acredite (ou não queira acreditar) na fase mais romântica do amor, nas longas horas a pensar noutra pessoa sem fazer mais nada, naquelas borboletas na barriga. Eu gosto de pensar que numa próxima vez vai ser outra vez assim. Mas também não é menos verdade que a minha ideia de amor hoje é uma coisa muito mais prática, menos idealizada e, acima de tudo, definitiva (ou, pelo menos, estável). Fantasiar é muito bom e viver aquele início em que nos descobrimos um ao outro é uma das melhores sensações que existe. Mas, e aqui entra o meu lado pragmático, qual é o objectivo disso se tudo vai acabar invariavelmente num bater de portas, em algumas palavras gritadas ou não ditas? E depois as pessoas não têm pachorra para projectos de vida em comum e estão pouco dispostas a ceder e a mudar. É uma visão negra, eu sei. Mas será assim só até à próxima vez...
Os meus avós paternos fazem hoje 55 anos de casados. Podia ser uma mentira (a data assim levaria a pensar) mas não é. Sentei-me, com um de cada lado, enquanto a minha avó me fazia as queixas dele. O que era admirável era que ela dizia tudo com um sorriso, um sorriso malandro de quem sabe do que fala: que ele já não fazia ideia quantos anos eram, que se esquecia de tudo, que aproveita todos os minutos em que ela não o controla para dormir. Mas não estava cansada dele nem aborrecida - afinal, o casamento é apenas uma questão de boa gestão das tensões entre os dois (ela assim o diria, se conseguisse exprimir-se assim).
Daqui até à ideia que tenho hoje do amor foi um pequeno passo. Não que não acredite (ou não queira acreditar) na fase mais romântica do amor, nas longas horas a pensar noutra pessoa sem fazer mais nada, naquelas borboletas na barriga. Eu gosto de pensar que numa próxima vez vai ser outra vez assim. Mas também não é menos verdade que a minha ideia de amor hoje é uma coisa muito mais prática, menos idealizada e, acima de tudo, definitiva (ou, pelo menos, estável). Fantasiar é muito bom e viver aquele início em que nos descobrimos um ao outro é uma das melhores sensações que existe. Mas, e aqui entra o meu lado pragmático, qual é o objectivo disso se tudo vai acabar invariavelmente num bater de portas, em algumas palavras gritadas ou não ditas? E depois as pessoas não têm pachorra para projectos de vida em comum e estão pouco dispostas a ceder e a mudar. É uma visão negra, eu sei. Mas será assim só até à próxima vez...
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