maio 11, 2006

Começa a ser difícil. Digo que começa a ser difícil adormecer com esta sensação de vertigem todas as noites: sempre que me deito e esvazio um pouco a cabeça, ela percebe e ataca. É aquela sensação de que temos um vazio imenso debaixo dos nossos pés e não sabemos quando nem onde vamos cair, só podemos deixar-nos ir.


Pelas circunstâncias da vida, já me senti assim umas quantas vezes: sempre que sentia que a minha vida ia mudar ou sempre que sentia que tinha que ser eu a dar o primeiro passo para isso. Só que parece que a sensação se agudiza à medida que nos tornamos mais velhos e que precisamos de mais segurança e certezas. Uns dizem que ligam mas nunca o fazem; outros dizem que têm muita urgência mas a inexistência de contactos nega-o. É lixado sentir esta vertigem por uma mudança que nem vai ser nada de especial, não vai implicar mudar de cidade ou país - é um desafio, como o são todas as mudanças, mas nada de radical. E isto tudo, correndo o risco de, no final, não sobrar nada para contar.


Mesmo que a mudança não aconteça, eu peço todos os dias para que me acabem com a vertigem. Porque ela só sabe bem se a sentirmos no coração.

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