outubro 29, 2010

Ponto de não retorno

Chegou finalmente o momento que durante anos temi: o momento em que tenho que admitir que o espaço não chega e preciso de um carro mais familiar. Durante muito tempo, achei que esta troca de carro simbolizava tudo o que andava a evitar e que se resumia num medo terrível de crescer, de ser adulta. E eis que ele chegou e não há nada a fazer, a não ser aceitar a realidade.

Não conseguimos carregar toda a bagagem no meu carro, nem para um simples fim de semana a três. O carrinho do Vicente ocupa demasiado espaço e depois ainda há o ovo, as nossas malas, o Nico e as suas tralhas - é impossível. É claro que durante uns tempos podíamos fazer o sacrifício e tentar optimizar o espaço mas depois também teríamos a bagagem da minha irmã e tudo o que trazemos de casa e ia ser simplesmente um pesadelo. Chegou, portanto, o momento em que deixa de ser fixe ter um carro pequenino e relativamente fácil de estacionar para passarmos para um mais confortável e espaçoso mas (de certeza) mais difícil de estacionar.

Não é a condução que me chateia, na verdade. Só tenho medo de me estar a transformar nas pessoas que nunca quis ser, lentamente a ceder aos caprichos das responsabilidades crescentes, de certa forma a perder alguma graça pelo caminho, lentamente esquecendo a que sabe a espontaneidade e a liberdade. E se é certo que tudo acontece pela melhor causa do Mundo, que é o meu filho, isso não impede de me fazer pensar que a vida como a conhecíamos acabou definitivamente e agora há outras escolhas a fazer.  Mudo de rumo com um sorriso e certa de estar a fazer o melhor para o meu bebé e para nós mas isso não lhe tira aquele travo agridoce da saudade.

3 comentários:

indigente andrajoso disse...

passamos pelo mesmo, o carrinho ocupa a bagageira toda...

emprestaram-nos um maior durante as férias, e depois chegar a lisboa e estacionar??

decidimos ficar com o nosso pequeno carro e se for preciso compramos umas coisas para levar bagagem no tejadilho, olha que pode ser uma boa opção que estacionar em lisboa é um pesadelo

JoeZef disse...

Quando era só eu e ela, nas idas de fds a Ptg, enchiamos a bagageira, o banco de trás e às vezes as barras no tejadilho. Agora a três... que estranho, às vezes só enchemos meia bagageira! Ainda não percebo o que se passou.

Mas sim, os fds fora e as férias são muito complicados.
Boa Sorte.

Anónimo disse...

Marisa, há um tempo para tudo e, segundo o meu ponto de vista não devemos cultivar a saudade...para mim,(mas também reconheço que sou diferente das outras pessoas)as coisas que foram boas, foram... mas ter saudades significa um pouco que o hoje não nos preenche.Talvez a saudade agridoce de que falas seja o bom termo para definir entre o bom que foi e o bom que começamos a viver.
Beijinhos
a tua professora