janeiro 26, 2011

Seis meses de dolce fare niente

Passam agora seis meses desde que fiquei desempregada. Na prática, apenas dois se podem considerar para o desemprego, já que os restantes foram gozados como licença de maternidade. Em todo o caso, são já seis meses sem ter algo exterior que me ocupe o tempo e a cabeça, que me estimule a pensar mais e a aprender, que me leve de volta à realidade. E isso custa.

Há uns dias conversei com outra mãe e descobri que partilhamos algumas ideias sobre a maternidade e o tempo que dedicamos aos nossos filhos. Obviamente, os nossos primeiros intuitos e objectivos é que nada lhes falte e que estejam sempre felizes. Acontece que neste percurso vamos deixando para trás aquela parte de nós que é ser mulher, que é ser uma pessoa interessada pelo Mundo, com gostos e passatempos especiais, com vontade de sair, passear, conviver para que possamos valer sempre aos nossos pequenos. Nem todas as mulheres serão assim e muitas conseguirão equilibrar o ser Mãe com o ser Mulher, Amante ou Trabalhadora - a essas, eu admiro a maleabilidade e flexibilidade.

Só agora que o bebé Vicente cresceu um pouco e se tornou menos permeável a choros insistentes e misteriosos começo a ter tempo para voltar a olhar para fora. O estar disponível para os estímulos exteriores tem, por muito contrário que possa parecer, contribuído para que o tempo que passo com o bebé seja de maior qualidade, uma vez que, lentamente, começo de novo a sentir-me Mulher. Em vez de estar absorvida no choro dele ou nas suas necessidades constantes de comida, conforto ou higiene, permito-me alguns minutos de contacto com as coisas de que sempre gostei e, devagarinho, sinto-me um pouco como a pessoa que era antes. Estar bem comigo é ser melhor para ele e conseguir superar-me todos os dias na nossa relação. Acredito que assim que o bom tempo se instalar as coisas vão ficar ainda melhores mas, até lá, vou dando passos de bebé, em direcção a uma mãe mais realizada e disponível. O Vicente (com certeza) agradece!

2 comentários:

Helena Barreta disse...

O que lhe digo a si digo-o às minhas sobrinhas, façam por ter momentos a sós, como casal, com amigas, o que for, o importante é voltar a fazer coisas que goste e que já fazia antes do Vicente existir. É claro que a prioridade maior e primeira é o Vicente, mas a relação mãe/filho, tal como diz, sai beneficiada se a mãe retomar a vida como mulher, amante, amiga, é que assim não há lugar a cobranças.

O Vicente agradece sim, que o tempo que lhe dedica, e ser mãe é para sempre, seja de qualidade.

Beijinhos

Sweet Moments disse...

Claro, fundamental não se centrar exclusivamente na maternidade. O mundo lá fora também chama e os momentos complementam-se e interagem.
Bons passos nessa direcção. :-)