Depois de descobrir quase em cima da hora que não trabalhava neste feriado, pensei que talvez pudéssemos ir à praia ou descansar um pouco. Essa do descanso fica para uma outra vida, porque nesta todo o tempo parece pouco para o desperdiçar com tardes de preguiça. Ainda tínhamos medo do trânsito que podia haver (afinal de contas era feriado, as temperaturas prometiam aumentar, há tanta praia aqui à volta) mas arriscámos ir direitos ao Guincho. Já tínhamos amigos à espera mas a ventania era tantta que o bebé Vicente nem conseguia respirar fora do carro e, caso ficássemos, íamos só ser fustigados pela areia.
Já é a segunda vez em pouco tempo que vamos para aqueles lados e eu só tenho pena que seja uma zona tão ventosa e de mar tão agitado: é que a paisagem é tão bonita, totalmente preservada e limpa que conseguia imaginar-me estendida naquelas praias a bronzear-me um bocado. Mas também pude confirmar que fico um bocado deprimida quando ando para aquelas bandas: há tanta, tanta casa bonita, descansando debaixo das grandes copas dos pinheiros mansos e a única coisa que me ocorre é que nunca terei dinheiro para viver num sítio assim. Enfim, há que aceitar um certo determinismo social que fez com eu entrasse na classe média-baixa logo assim de repente. O único remédio é continuar a sonhar que estou deitada à beira da piscina e que o único som que se faz ouvir é aquela espécie de crepitar das agulhas dos pinheiros e a gargalhada do bebé Vicente, entretido com qualquer coisa muito estranhar (uma toalha de papel, as costas de uma cadeira, um pacote de toalhitas).
Ainda deu para ver esta exposição, bastante fraca (na minha modesta opinião), feita de alguma repetição das imagens. Valeu pelo sítio, mais ou menos interessante no que à arquitectura diz respeito. Só uma nota negativa para o parque subterrâneo onde deixámos o carro, sem qualquer elevador ou rampa à vista, o que nos obrigou a subir e descer escadas que pareciam provisórias carregando o peso do bebé Vicente + carro à mão... E depois foi acabar a folga exactamente como a começámos: uma travessa de caracóis, uma de picapau e duas minis em mais um café do bairro. Ah como eu adoro o Verão...