julho 03, 2011

God, I miss the 90's!





Não é exactamente ter saudades da música (porque música boa e cheia de significado ainda se faz por todo o lado e à moda antiga até). Eu perdi a conta aos cd's que comprei durante os primeiros anos de faculdade (esticando a semanada até ao limite para depois me enfiar na Virgin-hoje-Loja-do-Cidadão e depois na Carbono), depois aos primeiros cd's gravados, sem capa nem nada, só o nome escrito a marcador, tantas sugestões novas do colega que gravava os cd's) e depois a era do mIRC com tantos canais de música, onde se discutia religiosamente sobre capas, letras, mensagens, sobre aquela nuvem de poeira que vem necessariamente com cada canção.

Não, ainda hoje gosto tanto de música e de ouvir coisas novas e de experimentar cd's só com base na capa ou num comentário lido por aí. Mas, mesmo no final dos anos 90's era tudo tão diferente: eu via as mesmas VHS cheias de telediscos (estavam gastas, as minhas cassetes), tinha compilações gravadas em cassetes de 90 minutos (uma para cada estado de alma), comprar um cd ainda era algo mágico. Não me esqueço do Vitalogy comprado na Flock (ainda há pessoas de Portalegre que se lembrem desta loja?) para o Natal, devidamente embrulhado sem nunca sequer ter tocado na minha aparelhagem. E eu, nas férias, a desembrulhá-lo secretamente para matar a curiosidade e ouvir a minha banda preferida. Tenho saudades de imprimir páginas e páginas com letras de música só porque achava que algum dia ia conseguir decorar aquilo tudo.

Era nas canções que eu ouvia que ia buscar as palavras que nunca me chegaram só na poesia. Tanto, tanto desgosto de amor musicado por tanta gente por esse mundo fora e as palavras assentavam-me que nem uma luva. Tantos amores a florescer ao som duma canção, tantas fases da vida marcadas por uma estrofe. Tenho saudades dos anos em que a música eram as edições especiais, as capas com as letras, os cd's mais antigos em promoção, as nossas compilações feitas exactamente à medida. Tenho saudades e sinto-me velha e, de certa forma, traidora: à falta de capital para comprar os originais todos, também eu me rendi à internet e ajudei a acabar com este mesmo fascínio. E regresso sempre à música online, sem uma aparelhagem que leia o meu arquivo musical, condenada às recordações digitais duma era em que aquilo era tudo para mim.

3 comentários:

Helena Barreta disse...

Engraçado, ainda ontem passei por uma feira de velharias, em Oeiras e tive na mão vários discos e só não comprei porque não tenho onde os ouvir, há muito que não tenho aparelhagem.

Também eu me rendi aos encantos da música on line e aos cd`s.

aryabodhisattva disse...

Tenho boas recordações de comprar cds, ouvi-los em repeat, memorizá-los, apreciá-los.
Mas, no que me diz respeito... isso não bate a sensação espetacular de ter o mundo musical ao alcance dos meus dedos, de compilar um arquivo que não ocupa mais que o quadrado do disco rígido, de não gastar dinheiro na compra de álbuns inúteis, e de descobrir bandas que de outra maneira desconheceria. A disponibilidade que a era digital nos proporciona é dos melhores presentes que me poderiam ter dado.
E a mobilidade da música? Adeus porta-cds volumoso e pesado na minha mala! Olá, gigas e gigas de espaço no meu leitor de mp3.
No entanto, disse adeus à apreciação de um álbum com tempo e atenção, sim senhora. Existe tanto para ouvir que não me ligo especialmente às canções.

P. disse...

aaaaah, como amo todas as músicas que aqui puseste..
ainda me lembro de ouvir o álbum dos weezer vezes e vezes sem conta, na minha primeira viagem a taizé <3
e ter comprado, no regresso dessa viagem, o 1º álbum dos foo fighters e um dos bad religion, em andorra.
os 90's foram bem bons, sim senhora.