Há já seis meses que ando a carregar com esta miúda para todo o lado. Parece-me incrível e parece-me que ainda foi ontem que as náuseas me faziam sentir como se estivesse num pesadelo. Bem comportadas, elas desapareceram assim que terminou o primeiro trimestre, o que eu e até o meu trabalho agradecemos muito.
A segunda gravidez é mais ou menos como a ouvi descrita: já passou um pouco daquele entusiasmo, daquela sensação de magia e sobra o desejo que, tal como da primeira vez, aí venha um bebé saudável e é tudo. É especialmente mais difícil concentrar-me tanto nela porque desta vez já há um pequeno cavalinho de quatro anos que não me larga um minuto, que quer deitar-se em cima da barriga, que fala para a irmã e diz muitas vezes que ela está a chorar ou a mexer-se quando não sinto absolutamente nada. Claro que continuo a ter os meus momentos privados com ela e muitas vezes me divirto com os malabarismos que ela vai fazendo sem respeitar as minhas horas de sono ou de descanso mas, ao contrário da primeira vez, preciso dividir pensamentos e amor com alguém que já cá está há mais tempo.
Diferente da primeira gravidez é também o meu estado geral. Sinto-me muito mais pesada e muito mais lenta desde mais cedo, sofro um bom bocado com dores nos ossos e nos rins (na primeira vez, isso apenas aconteceu quando o parto se aproximava, maldita relaxina antes do tempo), tenho já vontade de parar. Felizmente, por aqui a licença de maternidade começa dois meses antes da data prevista para o parto e isso vai ajudar-me a descansar um bocadinho. Mas passar o dia todo sentada em frente ao computador não tem ajudado muito a terminar os dias em forma. Depois disto, não me parece que queira sequer considerar a hipótese de um terceiro filho: se as gravidezes vão piorando a minha condição física, o melhor é mesmo, mesmo ficar por aqui.
Finalmente comprei umas roupinhas para a miúda, que está a crescer bem e já ultrapassou os oitocentos gramas de peso. Primeiro, não sabia o sexo do bebé e não me apetecia arriscar nem comprar roupas neutras. Depois de saber o sexo, mergulhei numa espécie de preguiça mas também no sentimento que já não faço ideia do que nos faz falta. Parece que a primeira gravidez foi há séculos atrás e que tenho que recuperar coisas que não sei em que parte da minha memória enfiei. Se por um lado parti para esta gravidez com a tranquilidade de quem já passou por isto, por outro sinto-me como se tivesse que aprender tudo de novo. Acho que vai ser muito interessante quando ela finalmente chegar cá fora e estou ansiosa por ser mãe de uma menina!