Ah, as maravilhas de ser mãe pela segunda vez! Estar pronta para mais um parto, saber exactamente a que corresponde cada tipo de choro, compreender o sono do bebé e dominar a amamentação, aproveitar bem os períodos de descanso.
Não, na verdade quase nada disto se aplica à criança que nos nasceu faz hoje uma semana. Estava pronta para o parto, sim, mas acho que no fundo nunca esperei que não envolvesse uma anestesia. Eu tinha dito à parteira quando fomos preparar o plano de parto que gostava que fosse o mais natural possível mas queria anestesia assim que estivesse a sofrer muito. O que se revelou impossível mas a natureza sabe perfeitamente o que faz e eu devia ter encarado mais naturalmente a própria ideia do parto natural. Vejo aqueles videos de mulheres que têm os filhos em casa e da paz e serenidade com que aceitam as contracções e penso: elas são animais domésticos, eu sou um bicho do mato porque não conseguia respirar fundo e aceitar - só gritar e dizer que não.
Tenho um bom primeiro exemplo no nosso filho: uma criança muito doce e sossegada nos primeiros dias e depois um desastre para dormir quase até aos três anos! A amamentação custou-me horrores durante tempo demais mas finalmente acabou por estabilizar. Ele dormia muito pouco e eu pouco podia aproveitar para dormir. Andava completamente exausta e sem saber como voltar a trazer a cabeça à tona.
Resolvi que não faria comparações, a não ser para me preparar o melhor que pudesse para a Amália. Decidi que não vou catalogá-la de calma ou agitada, que não vou dissecar as coisas se ela dormir bem ou mal, que não vale a pena perguntar porquê. Ela é outra pessoa, provavelmente mais ou menos agitada que o irmão, chorando mais ou um bocadinho menos - cabe-me aceitá-la exactamente como nos chegou ao mundo. Com o Vicente, tentei racionalizar muito as coisas e tentar entender porquê acontecia o que acontecia com ele, esquecendo-me do principal: ele era uma pessoa nova, com o seu jeito de ser, largado num mundo que não conhecia, tentando adaptar-se o melhor que podia. Com ela, já o sei e consigo aproveitar melhor os períodos de calma durante o dia para tudo o que consigo encaixar lá (mini sestas incluídas).
Ainda é demasiado cedo para avaliar-me como mãe, agora de um segundo bebé, mas sei com toda a certeza que sou uma mãe muito mais competente e armada para abraçar a dureza que são os primeiros meses. Com um amor gigante pelos meus dois filhos e um sentimento de culpa para com o Vicente que inevitavelmente cresce sempre que me sobem as hormonas à cabeça. Esforçamo-nos para que entenda que nestes primeiros tempos precisamos de um bocadinho de tempo para tratar da irmã, envolvendo-o nas coisas também mas fico sempre com a sensação de que se sente triste e à parte. Ela veio, afinal de contas, roubar-lhe o lugar mas nunca precisarão de o disputar porque são tudo o que nós amamos com mais força. E agora, com licença, que a roupa não se estende sozinha. Tomara ter tido este ânimo quando ele nasceu, uma ponta de vitalidade para continuar a viver o dia a dia como antes mas não é tarde agora!
1 comentário:
Querida, há que ter paciência, tive 2 com noites para esquecer, o 3º foi uma serenidade!
Beijinhos
D.
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