Três semanas depois, temos de volta o nossos dois terríveis! Escusado será dizer que no dia antes até me sentia nervosa, do mesmo género de nervosa antes de uma entrevista, sabem? Também não ajudou o facto de ter de ir de avião e muito menos ajudou o facto de partir e chegarmos ao aeroporto de Bruxelas... Racionalmente, a minha cabeça dizia-me que era improvável acontecer outro atentado no mesmo sítio num curto espaço de tempo; menos racionalmente, o coração fazia-me estar mais alerta e acautelar o máximo possível as deslocações dentro do aeroporto. Uma parvoíce, eu sei, mas vá-se lá saber como controlar estes instintos mais irracionais.
Os miúdos estavam numa pilha também! Ela tocava-me nas pernas e olhava-me com a cara de quem ainda não acreditava de que eu continuava a existir. Ele teve alguma dificuldade em dividir a atenção entre mim e os desenhos animados, que lhe ocuparam uma boa parte das férias. Abraçámo-nos, eles sentaram-se no meu colo e eu pude apertar os dois simultaneamente. Ele contou-me algumas das coisas que pôde ver e fazer durante estas três semanas, ela chorava sempre que eu desaparecia do seu campo de visão. Imagino que pensava que me ia ausentar outra vez e não estou certa de saber até que ponto ela entendeu que toda esta situação era temporária. Mas, ao mesmo tempo, sei que também sentirão a falta dos avós depois destas três semanas de caos e gritaria lá em casa. Ela bem chorou quando viu o carro dos avós a partir...
Foram três semanas de muita calma. Aliás, tanta calma que não cheguei a fazer tudo o que imaginava em casa. A preguiça vencia-me quase sempre ao final do dia e só aquela sensação de poder chegar a casa e simplesmente sentar-me no sofá sem pensar em mais nada era tudo. As noites sem pesadelos dele e sem choro dela, as manhãs sem ter que correr atrás dos dois para estarmos prontos a tempo, as refeições sem birras foram os pontos altos. Mas é claro que não vê-los a correr atrás um do outro, não estarem sentados cada um com o seu livro, não lhes dar aquele beijo de boa noite que garante que tudo está bem deixara algumas saudades. No fim, a ausência foi quase terapêutica: eles puderam ter férias, encher a barriga de gelados, quebrar horários e evitar os sítios onde passam boa parte do tempo aqui; nós pudemos parar e apreciar o silêncio, pudemos simplesmente não fazer planos e descansar, pudemos saltar refeições ou ir comer fora, pudemos dormir um pouco mais.
Mas, três semanas depois, já precisávamos daquele abraço e daquelas caras sem vergonha. Agora é regressar a tudo o que nos é habitual e rezar para que os dias comecem tranquilos e acabem da mesma maneira. Pelo menos até o terceiro elemento decidir chegar!
4 comentários:
Boa rentreé para todos! As saudades eram certamente muitas!
Só agora que os meus dois netos mais pequenos se foram tenho tempo para vir por aqui. Não os posso apelidar de terríveis pois são extremamente calmos, coisa que não vejo nos outros nem via nos meus filhos quando pequenos, não implicam um com o outro! Mas como "não há bela sem senão" são muito difíceis para comer pois não gostam de nada!!
Boa rentré para os teus "pequenos terríveis"
"Rentreé"!
Obrigada pelos vossos votos! Foi difícil voltarem às rotinas antigas mas com tempo e muuuuuuuita paciência chegamos lá :)
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