novembro 24, 2016

Às vezes somos só três

Os dias estão cada vez mais curtos. Saímos os três de casa ainda é noite e entramos quando já não se vê um palmo à frente. De manhã, aquele vento frio que quase corta, o vizinho que sai com a primeira roupa que lhe apareceu à frente para ir buscar o jornal à caixa do correio, Moien, saluda ele, para depois seguir o diálogo em Luxemburguês com o mais velho. Já viu o frio?, arrisca ele para mim em Francês e lá nos começamos a lamentar daquilo que não é nenhuma surpresa aqui: caminhamos a passos largos para o Inverno e faz frio. À tarde, os corvos que começam a escolher em que telhado vão pernoitar, vultos negros que se confundem com o céu da mesma cor, a pequena agitada, virando a cabeça para tentar acompanhá-los, dizendo adeus, até amanhã passarinhos.

Noites há em que somos apenas o três até ao jantar. Birras, fomes, vontades de brincar, sopas de abóbora e tartes de atum por fazer, a roupa que ficou por passar no fim de semana - tudo compete pela minha atenção. Ganham sempre eles e eu permito-me respirar quando os enfio aos dois na banheira, ela voluntariamente, ele quase sempre à força, que agora tudo é razão para fazer valer a sua vontade. Dias em que a minha capacidade de negociação é brilhante, a minha organização impecável, a paciência infinita. Dias em que choram os dois assim que entram em casa, o banho também é passado a chorar, querem comer mas não querem comer, há molho por todo o lado. Comum apenas o momento em que se deitam e em que, com sorte, me posso sentar em silêncio. Com o pai é quase o mesmo mas há mais dois braços para dar aquele colo que faz falta.

Móveis, paredes, caixilhos das portas, sofás - a nossa casa é a tela dela. Tudo o que ele não pintou nesta idade, ela está a fazer o favor de pintar. Bolas, balões, chuteiras, aquele gesto que o Ronaldo faz quando marca um golo - é aquilo que o interessa ultimamente. Não que não consiga sentar-se a ler um livro, sozinho, em silêncio, por sua iniciativa. Mas normalmente isso apenas acontece quando lhe pedimos, pela enésima vez, para não jogar à bola em casa. Ele, a querer colocar a louça na máquina, a querer cozinhar e lavar a louça, a pedir apenas para ajudar. Ela a dançar enquanto descasco a abóbora para a sopa, desafiando-me, Jamie XX a encher a cozinha e ela a mexer as ancas como o pato Donald.

Nos dias bons, ela adormece cedo e ele sobe comigo. Os dois no sofá, partilhando uma manta, ele nos momentos mimosos, Mãe quero estar ao pé de ti para sempre, falamos das profissões dos membros da família, do Gordo e da guerra, de agradecer pelo que temos e às vezes sobre a morte. Chora quando pensa que eu vou morrer e ele vai deixar de ter mãe. Eu explico que ele nunca deixará de ter mãe mas luto para não chorar quando penso que um dia os vou deixar sozinhos. Ele lendo as legendas, aprendendo a juntar as letras em voz alta, enquanto tenta deitar-se sobre as minhas pernas. Com sorte, ela dorme profundamente quando o levo para o quarto e não dá pela nossa entrada. Ele pede-me que o acorde de manhã, mesmo sabendo que vamos brigar como fazemos todos os dias.

Ao pé da nossa vida, todas as coisas parecem perder o significado. Faço um esforço por ter a cabeça no momento e saborear a sério estes dias em que eles crescem sem se ver. Tento esquecer que me canso durante o dia e que me começa a doer a bacia e que já não encontro posição garantidamente boa para dormir e pergunto-lhe como correu o dia e abraço-a quando a vejo exausta. Sei que muitas vezes podia fazer melhor mas o meu compromisso é com o aqui e o agora, um fim de tarde de cada vez, enquanto somos apenas três.

novembro 19, 2016

Dias para esquecer (mas também para lembrar) para sempre

O Vicente foi ontem operado. Nada de grave, totalmente programado mas apenas com um senão: era obrigatória a anestesia geral. Quando a médica nos disse, na primeira consulta, perguntámos se não existia alternativa, já que ele é tão pequeno - não existe.

Embora a operação não fosse complicada e fosse parte questão de saúde, parte estética, a ideia de ter um miúdo de seis anos debaixo de uma anestesia geral foi difícil de aceitar. A médica garantiu-nos que era um procedimento corrente no hospital, que todo o corpo clínico é (evidentemente) devidamente qualificado e até nos descansou dizendo que há uns tempos uma anestesista portuguesa se tinha mudado do hospital Dona Estefânia para a Kannerklink, onde o Vicente ia ser operado. Explicou-nos detalhadamente a intervenção e rapidamente escolhemos a data.

Chegámos ao hospital às sete da manhã, ainda escura como o breu, com a chuva a cair em chicotadas violentas sobre nós e um vento a soprar, selvagem. Chegámos antes da hora mas o quarto já estava pronto e não demorámos a instalarmo-nos. No início da semana, tínhamos visto uma enfermeira e a médica anestesista, que nos explicaram em pormenor como tudo se ia passar e nos deram material para explicar ao Vicente. Lemos com ele um livro criado especialmente criado para explicar às crianças como se processa a anestesia, ele fez muitas perguntas mas compreendeu tudo e estava tranquilo. Ele não teve medo.

Primeiro, um creme anestesiaste na mão para preparar a entrada do cateter; depois, um xarope calmante para controlar a potencial agitação de se ver num meio estranho, rodeado de pessoas estranhas. Um túnel que me pareceu interminável entre a clínica pediátrica e o hospital central, onde fica o bloco operatório. Eu a caminhar ao lado da cama dele, ele já a delirar um pouco e a ver coisas fantásticas em todo o lado. Deixaram-me entrar com ele na sala de recobro, onde esperámos pela anestesista que o levou para a sala de operações. Foi doloroso vê-lo tão alterado, sob o efeito das drogas, calmo mas já planando sobre aquela sala onde se misturavam crianças e adultos à espera e de volta das suas operações. Calhou-nos a rapariga portuguesa, que me tranquilizou e explicou tudo em Português. Deram-me um telefone para poder sair, tomar um café e prometeram que me ligavam assim que ele estivesse de volta ao recobro. Já não havia volta a dar: tive de o deixar sozinho e confiar nas mãos daquelas duas pessoas que empurravam a sua cama. Ele, tão pequenino, agarrado ao seu doudou, sem medo, a beijar-me enquanto me dizia até já. Eu a deixar aquela zona para trás, despindo a bata e engolindo as lágrimas com toda a força que tinha.

Ao todo, esperei por ele uma hora e meia. Bebi um chocolate quente, li bastante e tive sempre o olho em cima daquele pequeno telefone, esperando que ele tocasse o antes possível. Quando me ligaram, apetecia-me chorar outra vez e corri para os elevadores. Na sala de recobro, ligado a monitores e respirando com uma máscara, o meu homenzinho era o filho mais frágil do mundo. Tive que chorar: virei-me de costas para a enfermeira de serviço, senti-lhe o corpo quente e chorei: parecia tão debilitado. Senti-me estúpida, afinal ele estava bem, apenas ainda sob o efeito da anestesia mas não consegui conter os nervos. Pensei em todos os pais que estão assim à cabeceira das camas de hospitais, com miúdos mais novos e mais velhos, a recuperarem de doenças graves e apenas de sustos e agradeci, do fundo do coração, a imensa sorte, a lotaria cósmica de ter dois filhos saudáveis.

Ele acordou de repente mas sabia onde estava. Disse-lhe apenas que tudo tinha terminado e que agora era preciso sossegar. Ele aguentou-se como um valente e só choramingou quando, completamente cheio de sede, percebeu que não podia beber nada imediatamente. As enfermeiras deram-me os parabéns, ele tinha-se portado lindamente. Passámos o resto do dia no hospital para garantir que tudo estava de volta ao lugar certo. E estava, eu tinha o meu badeja de volta <3 p="">

novembro 16, 2016

E agora, sucumbir àquelas teorias de auto-ajuda

Vamos lá a ver: eu sempre desconfiei de todos os livros de auto-ajuda e até mesmo desta nova moda de sessões de coaching. Principalmente porque acho que o que resulta para mim será muito diferente do que resulta para as outras pessoas, mas também porque sempre achei que devia ser eu a ajudar-me a mim mesma. Estão a ver todos aqueles conselhos para ajudar a dormir os bebés? São óptimos e preciosos e incríveis e nunca, mas nunca funcionaram com os meus dois filhos. Com o terceiro, já nem penso neles, acho que estou finalmente vacinada.

Mas a verdade é que na última sessão de formação (aquela de que falei no post passado) recebemos um livrinho muito interessante, com alguns princípios para sermos profissionais melhores. Eu, depois de os ler umas vezes, acho que se trata mais de sermos pessoas melhores e isso sim, interessa-me muito. É claro que neste pequeno livro há muitos princípios com os quais não concordo ou que me parecem desajustados ou desnecessários mas outros há que me parecem simples o suficiente e interessantes o suficiente para os pôr em prática dentro e fora do escritório.

Give honest, sincere appreciation.

Quantas vezes é que nos preocupamos em dizer aos outros o quanto os apreciamos? Falo só por mim, claro: não vezes suficientes. Para mim, este princípio aplica-se mais ao trabalho mas também já o uso em casa. Ainda hoje o usei com dois colegas que se mudaram recentemente para junto da minha equipa e que funcionam tão bem entre si que me apeteceu elogiá-los. E foi isso que fiz. A reacção deles? Um misto de surpresa com uma satisfação tímida, pareceu-me. Isto é especialmente poderoso se elogiarmos qualquer coisa que nem tem a ver conosco mas que apreciamos na mesma. Em casa, tento fazer isso com os miúdos e, ultimamente, com o marido. Têm sido alguns meses um pouco mais nervosos e acho que estamos a precisar de muita apreciação uns pelos outros. E acho que ficamos todos contentes quando este reconhecimento é verbalizado, mesmo que achemos que não é nada de especial. Eu cá fico toda contente quando isto se passa comigo e quando chego a casa só me apetece partilhar o elogio com a minha família, por isso espero que o efeito seja o mesmo com os outros.

Become genuinely interested in other people.

Esta, confesso, é bastante mais difícil. Primeiro, porque todos sabemos que há pessoas mais ou menos interessantes, com as quais comunicamos melhor ou pior. Depois, porque parece que hoje ninguém tem tempo para se interessar por nada que não seja a própria vida. O meu compromisso aqui é um pouco diferente: sinto que tenho de fazer isto mais pela minha família, mas aquela que está longe. Dois mil quilómetros de distância significam que nos concentramos mais no que se passa aqui e agora e tendemos a esquecer o que está longe da vista. As coisas continuam perto do coração, isso nunca mudará, mas as questões mais práticas da vida fazem-me concentrar muito nas nossas vitórias ou nos nossos problemas e esquecer-me que as mesmas coisas se passam longe daqui. De resto, não pretendo interessar-me por todas as pessoas que conheço, até porque sou, no geral, bastante anti-social. Mas isso não quer dizer que não me possa esforçar aqui e ali.

Analyze your own mistakes and criticize yourself (muito ligada a Do the very best you can).

Eu tendo a pensar demais. Tanto é assim que normalmente passo umas horas acordada, a meio da noite, depois da miúda acordar também, sem conseguir voltar a adormecer. Ocupam-me o pensamento as coisas que acontecem no trabalho, quaisquer dificuldades que esteja a sentir no momento em que estamos, contas para pagar, consultas para marcar, um terceiro filho. Mas nestas horas mortas é mesmo o trabalho que se impõe a todos os outros causadores de insónia. Como já escrevi aqui várias vezes, profissionalmente eu quero sempre ser a melhor. Não a melhor que os outros mas a melhor versão de mim mesma que conseguir. Durante este ano que passou, encontrei maneiras de me tornar mais eficiente, tornei-me super organizada no trabalho (mesmo que em casa nem sempre se reflicta esta ordem e disciplina), sei onde está tudo, sei prestar contas de tudo, soube persistir nas coisas que quero que aconteçam. Não fiz tudo isto sem erros e continuo sem estar livre de errar. Mas, ao acreditar sempre que estou a fazer a coisa certa, tenho conseguido bons resultados e tenho recolhido reconhecimento. Preocupa-me mais se o que faço está de acordo com o que acredito do que com o que os outros pensam. Desde que existam factos e evidências, tudo o resto se torna mais fácil.

No meio deste livro, há também outros princípios a que chamo mais de manipulação (como fazer com que os outros aceitem as nossas ideias, principalmente) e menos de ajuda. E é claro que não vivo a pensar naqueles que me falam ao coração. Mas a verdade é que, sempre que os aplico, lembro-me de onde vêm, sinto a satisfação de ver os seus resultados e reconheço o seu valor. Se calhar é a isto que se chama viver mais conscientemente, não sei. A única coisa que eu procuro é viver melhor.

novembro 11, 2016

Fiz 37 anos, o Trump ganhou e o Cohen morreu

Este é o breve resumo da minha vida nestes últimos tempos: fiz trinta e sete anos e senti-me nova e velha ao mesmo tempo; fui a Berlim e a Lisboa matar saudades diferentes e fui gentilmente lembrada que já não tenho fòlego para grandes caminhadas nem para apanhar o avião na porta de embarque mais longe do Mundo; o Trump, enfim, nem preciso de dizer mais nada; morreu mais o Leonard Cohen num ano que toda a gente pensa que não pode piorar mas que piora sempre.

Pelo meio, estive numa formação onde ganhei o Outstading Performance Award e não sei se os meus colegas votaram em mim porque lhes dá pena ver uma miúda quase a rebolar ou se estive mesmo bem durante aqueles dois dias. Seja porque razão for, ganhei uma caneta e planeio assinar muitas coisas importantes com ela. Fizemos muitos exercícios práticos e acho que nenhum me custou tanto como reconhecer o valor dos outros frente a frente. Não porque não ache que os outros têm valor: têm e muito ou muitos e eu sinto-me agradecida por isso. Mas sim porque é muito fácil criticar ou condenar mas é extremamente difícil sentarmo-nos, cara a cara, e dizer o que os outros fazem bem. E decidi que isto deve aplicar-se a toda a gente na minha vida, não só os colegas de trabalho. Por isso, obrigada meus leitores, por se manterem aí (caso ainda aí estejam), mesmo quando o meu blog mudou radicalmente de voz e de conteúdos, mesmo quando às vezes me falta o assunto e me recuso a tratar banalidades, o que resulta em algumas ausências entre posts. Obrigada mesmo aos mais silenciosos, que nunca comentam mas que eu sei que estão aí (ou pensam que não vos vejo?).

Profissionalmente, as coisas correm-me finalmente bem e, pela primeira vez em muito tempo, sinto-me bem na pele que me foi destinada, com ambições e muita vontade de trabalhar. Este conforto não se paga e tenho a certeza que apenas se consegue quando se têm as melhores pessoas à volta, que nos estimulam e motivam a querer ser melhor. Mesmo por isto, custa-me a ideia de que falta menos de um mês para entrar em licença de maternidade. É claro que não me parece mal a ideia de deixar de trabalhar e reduzir drasticamente a velocidade dos meus dias, mentiria se dissesse o contrário. Mas estou naquele momento em que há muitas coisas boas a prometerem acontecer, começo finalmente a ver resultados do meu trabalho e, acima de tudo, da minha persistência e nas coisas em que acredito e custa-me deixar as coisas exactamente aqui, sem poder controlar o desenrolar das coisas e sem ver verdadeiramente os resultados dos meus esforços. Não posso fazer nada, senão aceitar e esperar que os meus superiores saibam o que fazer. Agarro-me à confiança que sinto neles, respiro fundo e tento lembrar-me que ainda há muita roupa tamanho 50 para lavar, há tardes com sestas que precisam ser dormidas, há arrumações a fazer antes da nossa vida dar a terceira cambalhota.

Depois de trinta e sete anos, continuo sem perceber muitas pessoas (os americanos, por exemplo), começo a perceber outras (a minha pequena filha, por exemplo, que se tem revelado numa pequena tirana em potência) mas conheço-me melhor. Não me importo de falar em público, empenho-me mil por cento em tudo o que faço, só fico contente quando sou a melhor. Tento importar-me pouco com os defeitos dos outros (mas é difícil quando me prejudicam no caminho) e levar as coisas menos a sério - cada vez mais me assustam os radicalismos, seja em que lado da balança for. E acho que vou sendo feliz, o que quer que isso signifique e dure isso o que dure. Agora, só três anos até entrar na quarentena e é rezar que até lá o Trump se transforme numa pessoa de bom coração e que não morram muitos mais heróis.

novembro 02, 2016

Meine liebe Berlin ♥


Dez ou onze anos depois (a minha memória já me vai falhando), o regresso à cidade que chamei minha durante seis meses! A família enfiou-se no carro e lá atravessámos a Alemanha para visitar a capital mais interessante e livre que já pude visitar.

Quis mostrar aqueles sítios super importantes e a transbordar de História mas também aquela zona familiar e tranquila onde vivi durante aquele tempo. Quis subir à Fernsehturm e pude fazê-lo, já que antes nunca pensado nisso ou então não tinha tido tempo suficiente. Quis fazer toda a linha de metro até à estação da Warschauerstr. e espreitar todas as varandas, agora cheias de bandeiras turcas, a fazer companhia às antenas parabólicas que já se multiplicavam há dez, onze, doze anos atrás. Fiquei contente quando percebi que o Bistro Bagdad, onde comi a primeira e a última refeições na cidade ainda se mantém de pé, todo renovado, ao lado da estação da Schlesicher Tor.

As paredes continuam cheias de mensagens, confusas ou inspiradoras à vez. O prédio onde vivia está irremediavelmente marcado mas ainda com algum charme, ao lado da igreja que está agora em renovação. Aquela mercearia turca onde comprava os pimentos mais deliciosos desapareceu mas a padaria turca continua na mesma esquina. Há turistas mas não no bairro onde eu vivia e podemos passear ao som das folhas que se acumulam em montes gigantes pelos passeios.

Continuo com aquela sensação de que em Berlim podemos tudo. Continuo com aquela sensação de que, se há sítio onde deve ser bom e fácil começar de novo, é ali. Lembrei-me, durante estes dias, que não aproveitei tudo o que esta cidade incrível tem para oferecer, que nunca me abandonei às actividades, às possibilidades, às pessoas. As pessoas continuam a deixar o que não querem à porta do prédio para quem queira escolher. Sinto-me bem a falar Alemão, apesar de quase toda a gente me responder em Inglês - eu sei, parecerei tudo menos uma cidadã alemã. Sinto-me bem a pegar no jornal e conseguir ler sem precisar de ajudas. Passo à porta da universidade e fico com pena de ter parado de estudar.

Há turistas pelo centro da cidade mas nunca aquelas massas sufocantes de cidades como Paris ou Barcelona. Em Berlim, podemos respirar. Em Berlim, os números das portas não significam o mesmo do que nas outras cidades - é sempre preciso andar muito mais. Os meus filhos viram Berlim mas não a entenderam (ainda). O meu marido viu Berlim e creio ter entendido muita coisa sobre a cidade. Eu revi Berlim e tive a certeza que poderia viver ali outra vez, mesmo com os dias a acabarem tão cedo e o jornalismo sensacionalista nos ecrans do metro e as garrafas de cerveja vazias a aparecerem por todo o lado. Porque ali (parece que) podemos tudo.