"Before sunrise" e "Before sunset" (ou como crescer nos faz bem ao coração)
Não fui uma adolescente marcada pelo romance entre Ethan Hawke e Julie Delpy. Fui assombrada por outros fantasmas românticos mas não por este par que se conhece num comboio. Vi estes filmes esta semana, num intervalo de dois dias, e fiquei contente por isto não ter acontecido antes.
Em "Before sunrise", Jesse e Celine conhecem-se num comboio - ele vai voltar aos EUA e ela regressa a Paris, depois de visitar a avó em Budapeste. Aceitando o desafio de Jesse, ambos saem em Viena (onde Jesse vai apanhar o voo de regresso) e propõe-se a passar apenas algumas horas juntos.
Acompanhados por uma câmara calma e segura, passeiam pelas ruas da cidade, conversando ininterruptamente (o que pode soar aborrecido mas está longe de o ser) sobre tudo - fantasmas da infância, amores falhados e projectos futuros. Existem dois momentos que me tocaram especialmente: o momento em que estão na cabine da loja de discos, em silêncio, trocando olhares e tentando conter o desejo que notoriamente sentem um pelo outro; o momento obviamente romântico da roda gigante, cujo desenlace, mesmo esperado, é doce e intenso.
O tom do filme é marcadamente optimista, o que se comprova no final. Sabendo que o amanhecer vai ditar o final da sua relação, Jesse e Celine não evitam a paixão que irrompe nas suas vidas - antes, deixam-na florescer com o avançar da noite. E finalmente prometem encontrar-se na mesma estação de comboios daí a 6 meses. E este final 'obriga' a que haja uma sequela...
"Before sunset" é a chave que nos vai ajudar a descobrir no que resultou esse encontro marcado e, como cedo se explica, o que se passou nos 9 anos que separam estes dois encontros. Jesse está em Paris para a promoção do seu novo livro (que, por acaso, fala do encontro de um par romântico em Viena...), justamente na livraria preferida de Celine, que decide ir ao seu encontro. Este reencontro, desejado pelos dois (assim se descobre mais à frente), vai servir para excomungar os demónios de uma relação que nunca existiu, para discutir política e activismo e para os dois admitirem perante si mesmos de que levam uma vida despida de emoções.
Se no primeiro filme Jesse (um Ethan Hawke cínico e apaixonado) e Celine (uma Julie Delpy sonhadora e inocente) experimentam o fascínio e a esperança do amor numa noite, no segundo filme Jesse (um Ethan Hawke vazio mas perseverante) e Celine (uma Julie Delpy engajada com o ambientalismo mas céptica no amor) começam por conversar sobre as suas profissões e os ossos do ofício, para acabar num momento de catarse, em que admitem que as suas vidas jamais foram as mesmas depois do primeiro encontro em Viena. É no reconhecimento da importância daquela noite que reside a 'salvação'.
Mais uma vez, Richard Linklater prefere apostar num filme que roda à volta de duas personagens apenas, concentrando-se na sua cumplicidade e na forma natural como conversam sobre tudo. O cenário escolhido para o começo das revelações é o banco traseiro de um carro em movimento, de onde nenhum deles pode sair e cujo o espaço sugere alguma intimidade. E o final deixou-me com um sorrisinho parvo nos lábios, porque tudo está bem quando acaba bem...
Não fui uma adolescente marcada pelo romance entre Ethan Hawke e Julie Delpy. Fui assombrada por outros fantasmas românticos mas não por este par que se conhece num comboio. Vi estes filmes esta semana, num intervalo de dois dias, e fiquei contente por isto não ter acontecido antes.
Em "Before sunrise", Jesse e Celine conhecem-se num comboio - ele vai voltar aos EUA e ela regressa a Paris, depois de visitar a avó em Budapeste. Aceitando o desafio de Jesse, ambos saem em Viena (onde Jesse vai apanhar o voo de regresso) e propõe-se a passar apenas algumas horas juntos.
Acompanhados por uma câmara calma e segura, passeiam pelas ruas da cidade, conversando ininterruptamente (o que pode soar aborrecido mas está longe de o ser) sobre tudo - fantasmas da infância, amores falhados e projectos futuros. Existem dois momentos que me tocaram especialmente: o momento em que estão na cabine da loja de discos, em silêncio, trocando olhares e tentando conter o desejo que notoriamente sentem um pelo outro; o momento obviamente romântico da roda gigante, cujo desenlace, mesmo esperado, é doce e intenso.
O tom do filme é marcadamente optimista, o que se comprova no final. Sabendo que o amanhecer vai ditar o final da sua relação, Jesse e Celine não evitam a paixão que irrompe nas suas vidas - antes, deixam-na florescer com o avançar da noite. E finalmente prometem encontrar-se na mesma estação de comboios daí a 6 meses. E este final 'obriga' a que haja uma sequela...
"Before sunset" é a chave que nos vai ajudar a descobrir no que resultou esse encontro marcado e, como cedo se explica, o que se passou nos 9 anos que separam estes dois encontros. Jesse está em Paris para a promoção do seu novo livro (que, por acaso, fala do encontro de um par romântico em Viena...), justamente na livraria preferida de Celine, que decide ir ao seu encontro. Este reencontro, desejado pelos dois (assim se descobre mais à frente), vai servir para excomungar os demónios de uma relação que nunca existiu, para discutir política e activismo e para os dois admitirem perante si mesmos de que levam uma vida despida de emoções.
Se no primeiro filme Jesse (um Ethan Hawke cínico e apaixonado) e Celine (uma Julie Delpy sonhadora e inocente) experimentam o fascínio e a esperança do amor numa noite, no segundo filme Jesse (um Ethan Hawke vazio mas perseverante) e Celine (uma Julie Delpy engajada com o ambientalismo mas céptica no amor) começam por conversar sobre as suas profissões e os ossos do ofício, para acabar num momento de catarse, em que admitem que as suas vidas jamais foram as mesmas depois do primeiro encontro em Viena. É no reconhecimento da importância daquela noite que reside a 'salvação'.
Mais uma vez, Richard Linklater prefere apostar num filme que roda à volta de duas personagens apenas, concentrando-se na sua cumplicidade e na forma natural como conversam sobre tudo. O cenário escolhido para o começo das revelações é o banco traseiro de um carro em movimento, de onde nenhum deles pode sair e cujo o espaço sugere alguma intimidade. E o final deixou-me com um sorrisinho parvo nos lábios, porque tudo está bem quando acaba bem...
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