junho 02, 2006

Começámos bem a noite, bebendo umas cervejas holandesas compradas no Carrefou em Espanha (a isto chamo eu globalização...). Provou-se um arroz de marisco, em que era preciso desviar o dito cujo para tentar descobrir o arroz, acompanhado com cerveja bem portuguesa. Ouviu-se Fela Kuti baixinho, só para criar aquele ambiente de festa.


Sob a ameaça da chuva, corremos ao local do espectáculo para um café tardio mas a tempo de assegurar a posição para o concerto. A sala estava muito mais cheia do que para JP Simões, talvez fruto do espalha-a-palavra e já tinha algumas (tímidas) mesas para justificar a ideia de café concerto. Entraram, tímidos também, sentaram-se e de repente já não estávamos em Portalegre: abriu-se uma porta para um deserto americano qualquer, para uma travessa lisboeta, para o set do Kill Bill. Pedro apresentou-se num impecável fato listado e óculos escuros, Tó Trips de calças vermelhas e cartola na cabeça - a cara deste nunca a vi, senão no fim.


[Eras tu que estavas sentado naquela cadeira, muito agarrado à guitarra. A magreza era a tua, o alheamento também. Tinha sonhado contigo a noite passada, um sonho bom, e agora podia olhar para ele em palco durante uma hora e fingir que eras tu. Por momentos consegui mesmo enganar-me.]


Tocaram com sobriedade, com austeridade até mas totalmente entregues às notas que saiam ora das guitarras, ora do contrabaixo. Mais do criar música, eles criam ambientes e desenham cenários - musicam os nosso filmes privados. Eu gostei tanto...

Depois: FESTA!


(foto daqui)

[Para mim acabam-se as quintas feiras na Quina das Beatas. Ainda há Tiger Man este mês... Pode ser que consiga uma escapadinha de vez em quando.]

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