Eu admiro verdadeiramente as pessoas que fazem uma licenciatura inteira a trabalhar ao mesmo tempo. Imagino o que são cinco anos (ou três anos, agora) acordando cedo, lutando pela produtividade do país, aturando colegas chatos e rindo com os mais bem dispostos para depois ainda ter umas seis horas de aulas. Não interessa que quem faça este sacrifício o faça por mera realização pessoal ou por exigências profissionais: interessa é que resista.
Sonhei pela primeira vez com o mestrado ainda o meu emprego estava certinho, garantido, no mesmo sítio de sempre. Sabia que o poderia pagar e conclui-lo sem grandes implicações para o meu desempenho profissional. Depois de o começar, descubro que ainfal não, que afinal tudo tem um fim e o deste emprego seria em Maio deste ano. Fiz as contas à vida e concluí que sim senhor, ainda era possível e que, ficando desempregada na pior das hipóteses, sempre tinha tempo para a tese.
Mas, e há sempre um mas, afinal tenho uma pulguinha dentro de mim. E a verdade é que, durante os primeiros meses da gravidez, foi muito difícil encontrar as forças e a motivação para continuar. Trabalhar oito horas e depois ainda contar com seis horas de aulas seguidas, ainda que só dois dias por semana, foi coisa para me desanimar logo à partida. E isto era nos dias bons, em que as náuseas não deixavam o ser racional que há em mim funcionar em condições. Era um cansaço tal, uma má disposição que me obrigou a escolher sempre os lugares mais perto da porta (para fugir para a casa de banho, se acontecesse um desastre), a vontade quase sobrenatural de me enfiar num quarto escuro. Mas pronto, tive sempre a felicidade de ter quem me empurrasse para a frente (quase literalmente!) e a coisa lá se foi levando.
A verdade é que na semana passada, regressada de umas férias tranquilas e de um Sábado passado na praia, não me sentia preparada para retomar o ritmo trabalho + aulas e isso deu cabo do resto: das caminhadas que não fiz, das noites em que devia ter dormido, de tudo aquilo que não escrevi, das noites em que devia ter saído, do livro que está quase quase a terminar. Resta-me acreditar que à segunda semana as coisas se compõem ou que já não falta quase nada para chegar Junho. Eu sei que dizem que quem corre por gosto não cansa mas eu confesso, tenho andado a sucumbir ao cansaço.
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