agosto 10, 2010

Este país não é para honestos

Bem, então vamos lá escrever isto mais uma vez para ver se me entra finalmente na cabeça:

trabalho quatro anos na mesma empresa, sempre com boas avaliações de desempenho e com progressão vertical; a mesma empresa decide fechar um departamento inteiro para reduzir a estrutura de custos e eu descubro, de repente, que vou ficar sem emprego; são-me prometidas variadas hipóteses de reintegração na empresa, especialmente atendendo à minha corrente situação de gravidez; a empresa avança com o despedimento colectivo no final, sem apelo nem agravo; eu volto a casa com a minha consciência de contribuinte e utente de um sistema de segurança social absolutamente tranquila porque sempre cumpri com os meus deveres; esse mesmo sistema de segurança social indefere o meu pedido de prestações de desemprego porque não me encontro numa situação de desemprego involuntário. Hã?

Eu detesto aquela atitude xenófoba que mete imigrantes, ciganos e idosos todos no mesmo saco: o dos que não querem trabalhar e ainda assim têm direito a prestações sociais. Mas hoje, no dia em que recebo a carta que me nega uma forma de subsistência a mim e ao meu filho depois de obedecer, descontar e acreditar num sistema de apoio social, só me resta dizer: este país não presta. Não posso sentir-me em casa num país onde não tenho médico de família, onde o atendimento no serviço de saúde pública é mais do que deficiente, onde tudo o que já descontei não me garante qualquer tipo de apoio social. Preferia, sem qualquer tipo de pudor, lavar escadas num país qualquer do Norte da Europa mas manter os meus direitos. É nestes momentos que nem o Sol, nem a luz e as praias, nem a calma chegam: este país não nos merece.

10 comentários:

centrípeta disse...

Isso está a pedir uma RECLAMAÇÃO!!! Ou até mesmo a intervenção dos meios de comunicação social... só é chato pela exposição.

Mas caramba... se foi despedimento colectivo como é que a SS diz que não é situação de desemprego involuntário?

Este país não presta mesmo!! Acabei de chegar de férias da Noruega onde a licença de maternidade é um ano a 100%. Eles não têm o conceito de salário mínimo e/mas até os "falhados" da sociedade recebem €4000 por mês. Quatro mil... dá vontade de ser falhado na Noruega, não dá?

Um dos empregos que ouvi, tinha a ver com ouvir baleias e avisar as empresas petrolíferas da sua existência.

Outro pormenor... o seu hino no refrão diz "nós amamos esta terra". Nós gritamos... "às armas"!!

É triste... e apetece emigrar.

Boa sorte para tudo e baixar os braços é que não.

**m*

Anónimo disse...

Eu nem acredito naquilo que li. Se fosse a ti, lutava, mas lutava mesmo, porque isto mete nojo!

Joana Real disse...

Fuck...:S E desculpa a asneira mas foi só o que me veio à cabeça

Eurico Ricardo disse...

Não consigo acreditar. A analise ao caso só pode ter sido deficiente, tem que haver negligência da parte de alguém pois esse indeferimento é ilegal.

Amanha vou falar com o meu Pai, que é sindicalista, e depois mando-te um mail.
*

madalena disse...

%$%&$/%&/(&%&$%&(/

:(

Helena Barreta disse...

É revoltante. Como é que é possível acontecerem situações destas?

Tem toda a razão, neste país, que é o nosso, quem vive bem são os chico-espertos. Que tristeza.

Um abraço forte e coragem na luta pelos seus direitos.

cosmonauta disse...

Bolas, agora fiquei com um nó na garganta ... Como sabes, acabo de chegar de Espanha e ainda não deixei de me surpreender no quão parecidos somos e nas diferenças que nos separam. As coisas alí ao lado funcionam geralmente bem melhor... eu desconfio que é por culpa nossa que temos este país arruinado...

Anónimo disse...

se a tua empresa não vos tiver indicado à seg. social como despedidos, não tens mesmo direito... o meu pai tem uma empresa e diz que depende de como vocês foram, vá lá, colocados perante a seg. social... :(

M. disse...

Obrigada a todos pelas palavras mais ou menos reconfortantes e pelas dicas :) Confesso que ontem me deixei vencer pelo pânico.

Mas hoje já me encarreguei de esclarecer que tudo não passou dum equívoco um bocado estúpido e (se tudo correr bem) está tudo resolvido. A minha fé neste país é que não ;)

Anónimo disse...

SE QUISEREM ACABAR COM A PODRIDÃO NESTE PAÍS NÃO VOTEM PS OU PSD.