Isto é tudo muito bonito, quatro meses de licença de maternidade e depois desemprego volta para mim, vinte e quatro horas com o bebé Vicente, muita energia dispendida neste tempo todo. Mas e depois? Depois, a licença acaba mesmo a vinte e nove deste mês e, supostamente, eu deveria voltar à procura de emprego. Mas pergunto-me como se não tenho onde deixar o meu filho. Esqueçam entrevistas e aceitar propostas de emprego porque não há quem em tome conta dele.
Hoje fizemos a nossa pré-inscrição numa creche aqui perto de casa. Fomos o número vinte e cinco da fila, por isso suponho que não nos podemos queixar. Mas o desconsolo é muito grande quando chegamos ao balcão propriamente dito e a primeira coisa que nos dizem é que não irá haver vaga para o Vicente em Setembro. Sim, é mesmo em Setembro, o único mês em que aceitam novas entradas. E também é um pouco deprimente ver mulheres grávidas a fazer (por via das dúvidas) a pré-inscrição de bebés que ainda não nasceram para garantir um lugar. É claro que provavelmente há centenas de vagas em creches privadas mas, comigo no desemprego, não consideramos essa hipótese. E então como promove este país a natalidade? Com promessas idiotas de 200 e tal euros por cada nascimento em vez de garantir condições aos bebés que já existem e de proteger os pais nestes momentos de maior transição (já nem vou falar dos mais de trezentos euros que tive que devolver à segurança social porque eles se enganaram a calcular as minhas prestações... Enfim, só mimos.). E eu nem compreendo muito bem os critérios de selecção na entrada e nem faço ideia do valor das mensalidades mas quis tentar, ainda assim.
Portanto, esta é uma pescadinha de rabo na boca: se quero trabalhar, preciso de uma creche para o Vicente; se quero pagar uma creche ao Vicente, preciso de trabalhar. Também é preciso uma grande dose de optimismo para resistir a tanto obstáculo, a tanto erro e mal entendido, a tanto entraves para a vida voltar ao normal. Depois, quando se queixarem dos níveis de produtividade do país não venham falar comigo. É que eu ando deserta de produzir, mesmo que isso implique separar-me do meu homenzinho.
3 comentários:
É realmente complicado quando não se tem por perto uma avó ou uma tia. Já tentou alguém particular, em vez de creches? Talvez assim não se depare com listas de espera.
A política de apoio à maternidade em Portugal é uma anedota, não existe simplesmente. Se a política fosse apoiar mesmo a maternidade não se vi-a, por exemplo, como eu vejo todos os dias, bebés e crianças a entrarem nos infantários e colégios às 7h e a saírem por volta das 2oh, é desumano e ninguém merece.
Se conseguir ficar com o seu bebé mais do que os 4 meses, não exite, é um tempo precioso, tanto para a mãe como para o bébé.
Um beijinho
Sabes M., mas é mais fácil (e mais barato)dar 500€ por nascimento do que fazer uma creche e providenciar a sua manutenção.
Espero que consigam arranjar um creche para o Vicente, com a maior brevidade possível, onde ele possa fazer os primeiros amiguinhos!
No meu comentário anterior queria dizer hesite e não exite.
Um beijinho
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