O jantar é o de segunda-feira, início de uma semana interrompida pela folga de amanhã. Hoje excedi-me, tomei coragem e respirei fundo: preparei uma enorme salada toscana com rúcola (será este o termo português?). O prato em si é apenas completado por frango com molho agridoce, não há mais lugares na mesa. Se há coisa que detesto mas detesto mesmo, assim com força e com os punhos cerrados e com olhos a soltarem faíscas miudinhas é comer sozinha. Acho que me lembro de poucas coisas tão deprimentes como sentar-me à mesa e não haver ninguém a sentar-se ao meu lado. Esta coisa da independência e da emancipação é muito gira mas porra, já vou começando a achar que seria a altura de não me emancipar sozinha. E com isto não falo apenas dos males do coração: bastava-me ter a minha pequenina aqui e a mesa tinha risadas parvas, a cozinha deixava de fazer eco.
Hoje declinei um amável convite para ir ver o Jorge Palma no casino de Lisboa. Que parva!, dirão alguns. Talvez mas eu tenho as minhas razões. Primeiro, e mesmo que isto pareça impensável a muito boa gente, eu não gosto de Jorge Palma. Uma coisa é admitir que o homem escreve bem que se farta e que tem ali uns poemas muito, muito catitas. Outra é gostar mesmo, assim gostar de quem saca os cds ou gostar ainda mais, gostar o suficiente para possuir a discografia integral do homem, tudo em original. Eu não gosto dele e pronto. Nem é por ele ser seboso e beber litros e litros de uísque antes dos concertos (bem, até ele sabe que só assim é que se atura a si próprio...). É mesmo porque ele é um ódio de estimação e isso não se explica, não é?
E depois há aquela questão de ter o ouvidinho cheio de música, também ela da boa. O concerto de sexta no Maria Matos deu a conhecer A Naifa a uma amiga holandesa. Ela saiu impressionada, eu nem tanto. É certo que eles são sempre bons e a voz da Mitó enche qualquer sala de espectáculo. Mas a sala era pequena, propícia a um concerto intimista e quase não existiu interacção com o público. Talvez apenas no final, quando nos foi pedido que acompanhássemos a 'Desfolhada', na habitual versão-em-jeito-de-encore, com palmas e com uns movimentos muito tímidos. O entusiasmo da minha amiga vai galgar fronteiras até à sua terra natal e eu fico contente - afinal, é uma forma muito indirecta de promover a (boa) música portuguesa. E ontem, para terminar a maré de sorte dos bilhetes, foi dia de ver os Yo La Tengo. O concerto foi uma belíssima surpresa, especialmente porque não conhecia a música deles com tanto pormenor. Ainda assim, e mesmo não podendo cantarolar os maiores hits tocados pelo trio eléctrico (mesmo figuradamente!), gostei mesmo do concerto. Os momentos dividiram-se entre os hilariantes, os absolutamente doces e os de descargas eléctricas brutais. Belíssima noite de Domingo, portanto.
E para terminar o dia em beleza lembrei-me que hoje celebrei os primeiros seis meses de trabalho nesta era. Há, pelo menos, mais seis meses frenéticos à minha frente, o que só me deixa exultante (pois, que a casa não se paga sozinha!). Agora que esta parte está assente, vamos então às outras?
* quer dizer, mais ou menos tudo.
3 comentários:
quem sabe se em janeiro n tne sjá a pequenina aí ao pé d ti?.. (L)
Eh pá q bom aspecto. Manda lá a receita!!!!!
o bom de comer sozinha é que fica tudo só para ti e podes comer com as maos à vontade ;)
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