Em vez de me enfiar em casa a amaldiçoar a minha sorte, decidi que a melhor coisa a fazer era simplesmente ignorar esta vontade de ter pena de mim própria. Porque se estivermos sempre ocupados, se nos mexermos muito a cabeça nem dá por nada e esquecemo-nos de todos os tormentos. Vai daí, resolvi também abandonar-me aos cuidados de quem sabe.
Na quinta-feira resgataram-me na gruta onde me encerro e levaram o jantar. Um muito previsível frango assado, batatas fritas no mesmo óleo que frita o peixe e uma garrafa de tinto (Terras de qualquer coisa, agora chamam-se todos assim). Juntou-se-lhe uma garrafa de Real Lavrador e fez-se a festa. Exorcizámos, em conjunto, o resto dos demónios que me habitavam: ele lá estava, sob a forma dum coelho da Páscoa da Milka. Partimos o bicho, bebemos o tinto em copos de chocolate improvisados e comemos o resto. Eles só queriam ter a certeza que estava completamente sã e livre do passado.
Na sexta-feira levaram-me a beber cerveja.
Hoje fomos à Feira Árabe, nessa vila tão injustamente ignorada que é Marvão. Mas só depois de decidir quem conduzia, de incomodar a GNR estacionando num sítio que [sic] 'podia incomodar as viaturas'. Galgámos as ruas completamente esburacadas (onde antes existia calçada provavelmente romana... Mais alguém acha aquilo um acto bárbaro?), parámos duas vezes na Ginja da Tia Amélia para bebermos seis rodadas da melhor ginja de sempre. Conversámos com o dono, um velhote de 85 anos que não estranha nenhuma conversa, que não quer cartazes à porta a anunciar a ginja, que sabe que quem sabe o que é bom lhe vai necessariamente bater à porta. A feira era pequena mas animada, completamente dominada por espanhóis (ou não olhássemos para Espanha logo ali ao lado) e onde havia um ferreiro a sério, que batia as peças numa pequena praça. Houve tempo de comprar um pastel de nata gigante com chocolate no meio e ver os animadores da feira passearem pelas ruas com cobras ao pescoço. E hoje ainda há Irmãos Catita. Ah pois é.
Lobo Mau (a horas dos trinta) e Fofinho, vocês rockam.
7 comentários:
Olá Marisa, no meu trabalho uma das minhas funções é manter actualizado um dossier de imprensa onde reuno todas as notícias que vão saindo sobre Marvão. Recentemente apercebi-me também da "força" dos blogs, e para completar esse dossier tento também reconher opiniões, notícias etc de pessoas que escrevem sobre marvão, e por isso, periodicamente, faço uma pesquisa no blogger e no google. Foi assim que vim parar ao teu blog e concretamente ao post onde falas de Marvão, neste domingo em que ainda decorre a Almossassa e em que estou a trabalhar. Como imaginas encontro muita coisa e em alguns posts que leio não resisto a comentar. Serve a introdução para dizer que a obra de enterramento dos cabos aqui em marvão decorre já há mais de um ano e tem sido complicada, uma vez que se têm que "esburacar" todas as ruas de Marvão. Como imaginas é uma obra muito complicada que envolve muitos técnicos (eu não estou directamente envolvida) e mt dinheiro (grande parte vindo da U.E.). Para minimizar o seu impacto foram feitos muitos estudos e pedidos muitos pareceres (DGMMN, IPPAR, ICOMOS da UNESCO, etc).
Em Marvão há vários tipos de calçada, segundo a zona em que estamos da vila, mas garanto-te, nenhuma dela é romana. Poderá acontecer, num ou outro ponto, terem sido reaproveitadas cantarias provenientes da Ammaia (mais nos lancis do que na calçada) essas sim romanas, mas em casos exporádicos. Nas ruas que têm uma passadeira central, as principais da vila, essa obra é bastante recente, data dos anos 40, quando chegou a agua canalizada a Marvão, sendo que a passadeira ou lajes centrais servem para esconder os tubos de água e esgotos. É normal e corrente chamar-se romano ou medieval a "coisas" aparentemente muito antigas, o que nem sempre é verdade.
No entanto, a minha justificação não seria aceitavel se, neste momento, em Marvão estivessem a retirar a calçada original para por nova, o que não está a acontecer.
A calçada está a ser levantada pelos pedreiros, que depois fazem o trabalho de enterramento dos cabos e colocam novas tubagens. De seguida vêm os calceteiros que voltam a colocar as mesmas pedras. Nas escadas e ruas com lajes centrais, estas são numeradas e recolocadas exactamente na mesma ordem. Houve apenas uma situação em que foi necessário colocar novo pavimento numa rua muito danificada e optou-se por acrescentar novo lajeado central em algumas ruas (isto sim é discutível...não vou entrar por aí).
Não digo que não existam erros ou pormenores que podiam ter sido diferentes, mas acho que daí a actos barbaros vai uma grande distância. Com certeza que já ouviste falar de outros casos de vilas históricas em que se tem apostado em fazer desaparecer as antenas e os cabos de electricidade e telefone, e em que o resultado final é positivo., mesmo apesar dos erros e principalmente do incómodo dos moradores.
Nem tudo o que parece é, às vezes uma "cara" feia esconde outras razões, às vezes não temos tempo nem paciência para conhecermos a fundo os porquês das coisas, das calçadas e de tudo o resto... Desculpa o testamento e o atrevimento, espero que não leves a mal. Catarina Bucho
Eu não levo a mal, ora essa. E agradeço a achega. Sei que não estou envolvida com a vila e não sei o que é viver lá como tu. Só dei voz a outras pessoas que moram lá e à impressão que me ficou.
Nem era minha intenção discorrer sobre a pertinência das obras :)
É assim mesmo. Andamento!
Não há tempo para lamentações.
eu NAO ACREDITO q paparam o co3elho SEM MIM!! grrrrrrr!! q maus, pah!
mas agr tb ha feiras medievais em marvao? :s desconhecia.. hum..
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(L)
Não era uma feira medieval, macaca. Era uma feira árabe. Mas tu sabes ler? :P
hum.. guess not.. LOL
lalalalala!
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