Semanas de trabalho com 6 dias e constantes horas extraordinárias nunca podem ser coisa boa. Sim senhor, uma pessoa até pensa que está a fazer um esforço para o futuro e para enfrentar as despesas que aí vêm. Em última análise, pensa-se que pode ser bom a nível profissional, que alguém vai reconhecer isto um dia. Mas vão? Se calhar não vão. Mas não conheço outra maneira de pensar.
São 6-dias-6 a acordar às 6 e meia, noite cerrada, as persianas às vezes fustigadas pela chuva. Eu acordo e penso todos os dias que não, que não pode ser, que afinal hoje era folga e nunca era. Só hoje. E, para mal dos meus pecados e preguiça, levantei-me hoje e percebi que precisava de um hipermercado. Eu, que tinha planeado um Domingo de pijama passado em frente à televisão, vi-me antes obrigada a enfiar-me no carro e no meio daquela multidão. Ainda por cima em dia de Benfica. Sim, já me tinham dito que tinha uma certa inclinação para a auto-destruição.
A colega do lado faz anos e eu não faço a mínima ideia do que lhe vou comprar. Arrasto-me sem vontade por ali, entro em loja, saio de loja. Não pego em nada, estou só cá para ver. E se fossem uns brincos? Ou uma carteira? Um livro não, que ela não gosta de ler. Ah, e filmes também não, que se deixa dormir. Qualquer coisa para a casa está fora de questão. Por isso, saio de lá com uma prenda completamente impessoal, desconsolada. Mas para mim trouxe uma varinha de fada com uma estrela na ponta. Que não sei para que serve mas que na altura me pareceu útil.
O meu único dia de folga está a acabar e eu não fiz nada do que queria. A não ser apanhar o cotão que insiste em espalhar-se pela casa. Mas isso eu não queria fazer. Tenho que fazer. Por isso, que melhor maneira de terminá-lo senão com uma coisa que me dá prazer e que me acalma e que me suja tudo de novo? É uma tarte de espinafres e queijo. E espero que saiba tão bem quanto me parece.
3 comentários:
Lá bom aspecto tem, sim senhora.
E realmente, apesar de não nos vermos com a regularidade de outrora, ao ler-te às vezes parece que me leio a mim (como quando cometiamos os mesmos erros nos trabalhos do Liceu, pelo hábito de trabalhar juntas). Os fins-de-semana a preparar aulas estão a dar comigo em doida. Que vontade de fazer o que me apetece e não o que tenho ou devo fazer.
Beijinhos amiga, a ver quando pomos conversa em dia
varinha d fada?? O.o LOL
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eu nao faco horas extraordinárias. se nao reconhecem o meu trabalho durante o meu expediente, nao é depois. fá-lo por ti. se nao quiseres nao o facas. mas nao te esquecas nunca de que a tua vida privada é mais importante.
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