Sou uma pessoa extremamente indisciplinada, especialmente se tiver que escolher entre dever e prazer. Só eu sei o que me custou criar a rotina da corrida duas vezes por semana e manter isso desde Setembro do ano passado. Até mesmo quando me decido a ir, luto para não acabar a corrida mais cedo. Pela minha cabeça, já passaram todas as desculpas possíveis: hoje não que tenho fome, acho que está a começar a chover, então e se a minha mãe liga? Mas tenho-me aguentado.
Depois, há as coisas de casa. Há vezes em que tenho que revoltar-me com a minha inércia para aspirar a casa. Tenho a campainha avariada há uns meses largos mas ando a adiar a vinda dum electricista. Tinha um lavatório entupido e foi preciso aquilo chegar a uma situação insustentável para meter mãos à obra e ser eu mesma a desentupi-lo (foi espectacular, eu a desmontar canos, a raspar aquela massa preta sem saber se encontrava um mutante, a colocar tudo no sítio, mesmo com o vedante um bocadinho deslocado!). Normalmente, diria que é preciso chegar a esse ponto de não retorno. É que nem sei se chamo a isto preguiça - talvez seja por ter muito prazer quando apareço, finalmente, com as coisas feitas.
Esta é uma das razões que fazem com que esteja a anos-luz daquilo a que se chama uma escritora. Falta-me a rotina da escrita, falta-me domar a ficção, falta-me criar os rituais. E agora, que escrevo umas carolices para outros sítios, já me obriguei a usar um pequeno bloco de notas para poder apontar as coisas mais relevantes. Ainda me assusta a ditadura dos caracteres, o relato que tenho que fazer caber num espaço pré-definido, as emoções com que lido em cada vez que escrevo. Ainda agora tenho um texto com um mínimo de mil palavras para escrever, muitas das quais já estão na minha cabeça, mas estou a escrever isto. E a pensar numa tigela de melancia à minha espera no frigorífico e em candidatar-me a outro emprego qualquer e a ponderar a hipótese de voltar a estudar. As mil palavras já cá cantam mas a disciplina é que ainda não.
* no trabalho como na vida
Depois, há as coisas de casa. Há vezes em que tenho que revoltar-me com a minha inércia para aspirar a casa. Tenho a campainha avariada há uns meses largos mas ando a adiar a vinda dum electricista. Tinha um lavatório entupido e foi preciso aquilo chegar a uma situação insustentável para meter mãos à obra e ser eu mesma a desentupi-lo (foi espectacular, eu a desmontar canos, a raspar aquela massa preta sem saber se encontrava um mutante, a colocar tudo no sítio, mesmo com o vedante um bocadinho deslocado!). Normalmente, diria que é preciso chegar a esse ponto de não retorno. É que nem sei se chamo a isto preguiça - talvez seja por ter muito prazer quando apareço, finalmente, com as coisas feitas.
Esta é uma das razões que fazem com que esteja a anos-luz daquilo a que se chama uma escritora. Falta-me a rotina da escrita, falta-me domar a ficção, falta-me criar os rituais. E agora, que escrevo umas carolices para outros sítios, já me obriguei a usar um pequeno bloco de notas para poder apontar as coisas mais relevantes. Ainda me assusta a ditadura dos caracteres, o relato que tenho que fazer caber num espaço pré-definido, as emoções com que lido em cada vez que escrevo. Ainda agora tenho um texto com um mínimo de mil palavras para escrever, muitas das quais já estão na minha cabeça, mas estou a escrever isto. E a pensar numa tigela de melancia à minha espera no frigorífico e em candidatar-me a outro emprego qualquer e a ponderar a hipótese de voltar a estudar. As mil palavras já cá cantam mas a disciplina é que ainda não.
* no trabalho como na vida
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