novembro 22, 2006

Ode à vida moderna

Levantas-te e ainda o Sol não desceu sobre nós.
Descobres na cozinha alguma coisa que o estômago possa aguentar.
Sais de casa numa manhã fria e juntas-te aos estranhos a caminho do trabalho.
Fazes sempre a viagem ao som de música, dias inteiros a fio a ouvir o mesmo álbum.
Trabalhas/és explorado/não fazes nenhum durante uma manhã cinzenta.
Divertes-te ou chateias-te ou ignoras os teus colegas.
Abres o saco e o almoço é o mesmo que comeste ao jantar.
Descansas durante minutos na sala comum do emprego quando o que mais querias era dormitar na tua cama.
Trabalhas/és explorado/não fazes nenhum durante uma tarde cinzenta.
Acabas o dia e enfias-te nessa sala de tortura moderna que é um autocarro/metro/engarrafamento em hora de ponta.
Entras finalmente em casa. Sabe-te bem.
Quando queres dedicar-te aos deveres tens sono.
Quando queres dedicar-te aos prazeres tens preguiça.
Ouves as mesmas palavras de todos os dias, enquanto cozinhas o jantar/almoço.
Lês em silêncio o que consegues antes de cederes à hora (pouco) tardia.
A casa não faz eco mas é como se fizesse. Adormeces.

Obrigada vida moderna, por nos deixares (quase sempre) saber exactamente o que vem a seguir.

10 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado Marisa por descreveres tão bem uma das razão pela qual eu não quero ir para Lisboa. A monotonia nã é o meu forte.Bjs e vê lá se te divertes mais

M. disse...

Também se pode ser monótono em Évora mas isso é outra conversa :P

Anónimo disse...

Évora é bem mais monótono que Lisboa: poder ficar bêbedo todos os dias não é sinónimo de não-monotonia. Até podes não querer vir para Lisboa Joana, mas foste-te justificar com a pior razão de todas.
Quanto ao leitmotif do post, escusado será dizer que só tu podes evitar isso. Mas volto a sublinhar que não são as cidades que determinam a monotonia ou ausência dela. Somos nós.

M. disse...

Oh eu sei que isso da monotonia é nosso. Já uma pessoa não pode ter um dia-não? :)

Anónimo disse...

Bem não queria causar polemica. Mas respondendo, acho que ao Ceia,quando falo em nao-monotonia não me referia ao facto de sair á noite pra beber uns copos (apesar de isso ajudar) mas o simples facto de não stressar ao sair de casa e pensar que vou demorar "horas" a chegar ao meu destino perturba-me e daí o não me mexer pra nada e tornar-se monotono.
Esta conversa de onde se vive e porquê a mim já me chateia, pq cada um vive onde quer e acarreta as consequências dessa decissão. Não vos recrimino por terem optado por lisboa, só não quero que me recriminem a mim por não querer lisboa. Até me posso arrepender de ir para outro sitio bem mais longe, mas ao menos posso dizer que não fui contrariada, e ai sim acarreto as consequencias da minha opção. Beijinhos e vivam felizes por saberem que têm amigos...em qualquer parte do MUNDO.

cosmonauta disse...

foda-se ... o melhor post dos 3 últimos meses da minha vida, a diferença está no sair para o trabalho e conseguir ver sol e no ecoecoecocococooooooo ... dentro desta casa.

janice,
1o - Há quem consiga adaptar-se a situações adversas na vida, não somos todos iguais.
2o - Aqui eu consigo independência, autonomia (é diferente da independência), sentir-me útil e fazer coisas de que gosto. Embora os dias estejam muito longe de ser perfeitos, tento fazer com que os próximos sejam cada vez melhores. O mesmo poderá dizer a moça das borboletas bem como o boneco do valium10. Nenhum de nós tem culpa de tu ainda não teres (ou de não quereres ter) de pensar desta forma. Diz a Avó Felicia e bem "quem desdenha quer comprar" e também "cada um sabe de sí".

pontofinal.parágrafo disse...

Epa tenho que intervir. Prontos. Cada um sabe de si, muito bem. Sabendo cada um de si melhor saberá se está bem ou não no local que escolheu para estar. Não compete aos outros (a ninguém mesmo) andar aqui a dizer a sua galinha é melhor que a do outro. Não é. Cada galinha será igualmente boa para cada um de vós dependendo apenas e só da vossa consideração pessoal. Isso de andar a querer fazer passar a ideia de que o sítio onde vivem é melhor do que o sítio onde o outro vive não leva a lado nenhum. O que realmente importa é que dentro das vossas cabecinhas estejam em paz e com a certeza (ou quase certeza) de que a escolha que fizeram e fazem é a melhor para vocês. O resto não interessa. Como dizia o outro façam favor de ser felizes, dentro daquilo que acham que para cada um de vós é melhor, não para o que é melhor os outros pensarem.

M. disse...

Falou e disse :D

Anónimo disse...

e que tal tratar de baralhar essa vida moderna? ;)

Anónimo disse...

Obrigado Rebocho por perceberes tão bem e explicares ainda menlhor o meu ponto de vista.