Estou sentada no meu sofá, acompanhada por um café servido nas chávenas que, com enorme bom gosto, me ofereceram pelo aniversário/inauguração da mansão. Baixei o som da televisão, constantemente ligada na MTV, na esperança de uma surpresa, um vídeo mais antigo, qualquer coisa que não seja do hip-hop ou que não tenha demasiada carne à mostra. [Em vão.] Estou a pensar que talvez não tenha sido a melhor maneira de me fazer anunciar aqui - ter os vizinhos a bater-me à porta à meia-noite de ontem: a vizinha de baixo tinha uma queda de água maravilhosa no quarto de arrumações com nascente na minha casa. E estou a desejar cair na cama hoje para não mais acordar. E especialmente não acordar com as vozes irritadas dos vizinhos, que além disso debitam palavrões a uma velocidade invejável.
Olho para a borra do café no fundo da chávena e espero ver qualquer coisa de revelador, qualquer coisa que me vai surpreender e deixar a pensar. Não vejo nada. Os olhos começam a ficar preguiçosos e moles. Combato esta urgência em deitar-me mas com muito pouca vontade: a habituação ao café já não o deixa fazer efeito. Na MTV continuam a rodar as mesmas músicas fabricadas em série. Lembro-me que tenho que passar no cartório, que tenho que ir ver o Dans Paris e que tenho que tirar medidas em casa para os últimos retoques. Há alguém que canta não te deixes encantar por quem nunca se encantará de ti. Eu sorrio, pois claro. É uma pena isso não ser tão fácil como eu agora levantar-me e enfiar-me debaixo do edredon.
* ou o perigo de ver demasiada MTV.
1 comentário:
Dans Paris vale a pena. :)
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