Os quase quarenta graus que se fazem sentir ali fora já não são novidade para ninguém, embora me espantem sempre que ponho um pé na rua, porque espero sempre que corra uma aragem. Há já uns três dias que a ventoinha funciona quase
non-stop, tentando evitar que eu desidrate com a quantidade gigantesca de suor que esta casa me está a provocar. Comecei mansinha, no programa
Low mas, enquanto escrevo, penso se não seria melhor logo experimentar tudo o que ela tem para me dar [cliquei no
High mas a diferença é pouca].
Consegui(mos) fugir às filas intermináveis para as praias do outro lado, acordando invulgarmente cedo para uma manhã de Sábado. Há uma senhora de aspecto duvidoso que me vende um guarda-sol e que, num assomo de
sinceridade, me garante que tem ali peças a cinco euros mas que são feitas de
nylon e que, se as pessoas soubessem, não torravam debaixo daquilo. E depois eram nove da manhã e a água estava já a uma temperatura tão agradável e o Sol avançava, quase agressivo, especialmente para quem ainda não tinha um centímetro de corpo bronzeado. Consegui(mos) fugir ás filas do regresso a casa, deixando a praia mais cedo do que a metade de Lisboa que parece fugir para lá e ainda há tempo para ver a
World Press Photo logo no dia da abertura em Belém, depois do banho tomado mas ainda com os mesmos quarenta graus da tarde. A sorte é que o Museu da Electricidade, apesar do espaço aberto, tem um óptimo sistema de ventilação.
E o dia termina-se com uma boa surpresa. Sem saber à partida, acabo (amos) no restaurante do senhor que faz os anúncios
daquela marca de azeite, um sítio bonito e acabado de estrear, com um serviço simpatiquíssimo e petiscos do melhor que já provei. Só para abrir o apetite, que está quase na hora do almoço, comemos codornizes com cerejas e moelas fritas com maçã e camarão salteado em malagueta e alecrim, entre outras coisas divinais. Se disse que acompanhámos com um Cabriz tinto, não é de estranhar termos saído do restaurante depois das onze da noite completamente satisfeitos, a precisar de caminhar um pouco e com aquela sensação de relaxamento a aumentar os níveis de preguiça.
É, oficialmente, o primeiro dia de Verão, o tempo esforça-se por acompanhar a estação e os últimos dias foram particularmente ricos em termos gastronómicos. Falta uma semana para ir de férias e tenho ao meu lado a minha pessoa preferida. Uma pessoa até estranha mas é (também) oficial: dificilmente conseguiria ser mais feliz.