Gosto que me perguntem isto, como se houvesse apenas uma maneira certa de votar e todos soubéssemos exactamente o que quer dizer votar bem. Em todo o caso, o dever cívico está já cumprido.
Pela primeira vez, votei em Lisboa e fi-lo com um certo sentimento de nostalgia porque não iria encontrar na mesa de voto nenhuma cara conhecida. A partir de hoje, sou uma eleitora mais anónima, votando na minha freguesia de residência mas, de certa forma, longe de casa. É como se agora estivesse mais desamparada e esse sentimento apenas cresceu quando disseram o meu nome em voz alta na sétima secção de voto, depois de passar pelos meninos escuteiros que tentavam vender canetas à porta. E posso assegurar que, depois aí de Braga ou Bragança, devo ter votado na freguesia mais social democrata de que há memória: o desfile de carros de alta gama à porta, as senhoras que passeavam o seu cabelo bastante armado com laca, os maridos com o elegante lencinho na lapela do casaco, os miúdos com o cabelo sempre a tapar-lhes os olhos, as moças que têm ainda o mesmo bronzeado que no pico do Verão. as urnas tão perto da rua de Buenos Aires. E então eu, no meio daquela gente toda, senti-me deslocada porque não são aquelas as minhas raízes, não é dali que eu venho e tive saudades de sentir que a maior parte das pessoas que votavam ao mesmo tempo que eu são de esquerda.
Confesso que, como tantas outras pessoas, não gosto nem percebo a política. Tenho muitas vezes a tendência a pensar que não existem nenhumas diferenças entre os que estão no poder e os que se seguirão e acho que quem ingressa na política ao mais alto nível acaba sempre corrompido. Mas nestes dias de eleições sinto-me quase comovida por fazer parte de algo muito maior do que apenas um partido político: sempre que votei senti-me com o poder de mudar o futuro, mesmo correndo o risco de escolher mal. E hoje, impressionada com a afluência a algumas mesas de voto, fico contente por ver que ainda há quem se importe.
Pela primeira vez, votei em Lisboa e fi-lo com um certo sentimento de nostalgia porque não iria encontrar na mesa de voto nenhuma cara conhecida. A partir de hoje, sou uma eleitora mais anónima, votando na minha freguesia de residência mas, de certa forma, longe de casa. É como se agora estivesse mais desamparada e esse sentimento apenas cresceu quando disseram o meu nome em voz alta na sétima secção de voto, depois de passar pelos meninos escuteiros que tentavam vender canetas à porta. E posso assegurar que, depois aí de Braga ou Bragança, devo ter votado na freguesia mais social democrata de que há memória: o desfile de carros de alta gama à porta, as senhoras que passeavam o seu cabelo bastante armado com laca, os maridos com o elegante lencinho na lapela do casaco, os miúdos com o cabelo sempre a tapar-lhes os olhos, as moças que têm ainda o mesmo bronzeado que no pico do Verão. as urnas tão perto da rua de Buenos Aires. E então eu, no meio daquela gente toda, senti-me deslocada porque não são aquelas as minhas raízes, não é dali que eu venho e tive saudades de sentir que a maior parte das pessoas que votavam ao mesmo tempo que eu são de esquerda.
Confesso que, como tantas outras pessoas, não gosto nem percebo a política. Tenho muitas vezes a tendência a pensar que não existem nenhumas diferenças entre os que estão no poder e os que se seguirão e acho que quem ingressa na política ao mais alto nível acaba sempre corrompido. Mas nestes dias de eleições sinto-me quase comovida por fazer parte de algo muito maior do que apenas um partido político: sempre que votei senti-me com o poder de mudar o futuro, mesmo correndo o risco de escolher mal. E hoje, impressionada com a afluência a algumas mesas de voto, fico contente por ver que ainda há quem se importe.
1 comentário:
eu votei extraordinariamente bem!
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