fevereiro 28, 2007
Long Distance Callers *
fevereiro 27, 2007
Roam-se se inveja, esta é a minha nova freguesia!
fevereiro 24, 2007
Variações sobre um auto-retrato
Quando saí, já pingava lá fora. Durante largos minutos encostei-me à porta do prédio e esperei que passasse mas não valeu de nada. Esta noite, como tantas outras noites, lembrei-me que choveu em todos os dias que estivemos juntos. Disse-te isso uma vez mas tu encolheste os ombros e disseste que não ligavas nenhuma a estes sinais. Mas eu sim, eu sei o que eles querem dizer-me.
Hoje quis dizer-te que ficava, que afinal não quero nem posso dormir sozinha naquela casa vazia mas não consegui. A minha boca ainda se entreabriu mas não saiu um som sequer. Nem um murmúrio nem um sussurro nem uma palavra dita baixinho. Nada. Estavas sentado na poltrona a fumar, estavas despido e com frio mas o cigarro não te deixava voltar para a cama. Quando te levantaste hoje, sem sequer dizeres uma palavra, pensei que nunca mais me ia estender na tua cama. Mas eu tento enganar-me e convencer-me que és assim, que és um tipo de poucas palavras, que falas melhor com as tuas mãos do que com a tua boca e no final é mesmo assim. Eu estou ligada a ti apenas pelo corpo. Não existe nada mais que possamos partilhar - apenas um par de suspiros suados.
Prometi que um dia destes deixo de cá vir. Levantei a gola do casaco devagar, sem saber se me quero realmente proteger da chuva (como não sei se me quero proteger de ti). Saí de tua casa demasiado dormente e não consegui apanhar o último autocarro para casa. Em vez disso, chamei um táxi e fui beber um copo. Sentei-me ao balcão e senti que toda a gente olhava para mim. Acho que tinham tanta pena de mim que nem ousaram aproximar-se. Só quando saí é que me apercebi que ninguém sequer tinha notado que eu estava ali sentada. Apanhei um táxi e deixei o taxista falar o caminho todo. Secretamente, estava a debater cá dentro se amanhã te ligo primeiro ou se vou directa para tua casa.
fevereiro 23, 2007
Sobre descobertas inesperadas *
fevereiro 20, 2007
fevereiro 17, 2007
Sobre boas razões para se dançar na sala
fevereiro 16, 2007
E agora para algo muito pouco romântico *
Os únicos planos que tinha saíram-me muito bem. Levei o papá ao estádio ver o Benfica na Taça Uefa, dificilmente teria encontrado uma prenda de anos melhor. Passámos algum frio, roemos muito as unhas mas lá saímos contentes da catedral. Se há algum motivo para eu ser uma lampiã(ona?) empedernida é este senhor aqui. E com muito gosto.
(antes do jogo começar assistimos a dois pedidos de casamento no relvado. Olho para os noivos no ecran gigante e fico desconsolada - consigo imaginar poucas coisas menos românticas. À saída, tentamos contrariar a corrente para voltar para casa. O teu perfume assalta-me demasiadas vezes entre a multidão - é estranho como o cheiro nos faz reconstituir momentos até ao mais ínfimo pormenor. Mesmo assim, o S. Valentim foi um senhor simpático e fez-me chegar flores num envelope. Saldo positivo, então!)
fevereiro 11, 2007
Sobre as certezas que se têm uma vez na vida
Aos dois é dada a possibilidade de partir, de reiniciar uma vida longe das terras sufocantes do condado de Madison. E, aterrados pela possibilidade de serem livres, os dois escolhem o inevitável: Robert parte, em busca da aventura sem a qual não imagina a sua vida e Francesca fica, tratando da família que não pode deixar para trás. Aos dois restam as memórias de uma certeza única na vida, a certeza que nem todos experimentam mas que lhes foi oferecida aos dois: a certeza de que tinham encontrado a outra metade de si. Às vezes penso que a mim já me foi dada essa possibilidade e é por isso que me comove esta história: eles sabiam o que tinham, viveram-no intensamente e caminharam em direcções opostas. Porque é sempre mais fácil caminhar quando se tem aquela certeza.)