Andei mais uma semana inteira a tentar sobreviver. A tentar constantemente convencer-me a mim mesma que isto de concertos e trabalho é perfeitamente conciliável, a fingir que posso beber cervejas de meio litro, deitar-me às três da manhã e acordar às sete fresquinha. Mas não é, consegui hoje concluir. Qualquer pessoa o podia ter concluído antes mas eu dei o benefício da dúvida ao meu corpo de velha de vinte e sete anos.
O casamento já me tinha esgotado algumas forças: ninguém consegue partir uma pista de dança e sair imune disso. De maneiras que o primeiro dia de concertos (a quinta-feira não conta) acabou comigo muito rabujenta mas muito feliz. Já tinha visto os Block Party no Coliseu mas este concerto pareceu-me melhor, menos em piloto automático mas em alguns momentos tornou-se aborrecido. Sem contar com a Two More Years, acho que o alinhamento foi cópia integral do outro concerto - neste campo também poucas novidades.
Mas depois tocaram os Arcade Fire (vénia). Ameaçava chover a qualquer momento mas não estava frio. Eu punha-me em bicos dos pés para tentar ver qualquer coisa e pouco conseguia - o jeito que me dava ter antes a altura de uma sueca qualquer. Abriram o concerto com Black Mirror e agarraram no público no primeiro acorde. Eu olhei muitas vezes à minha volta e o que via eram pessoas a gritar angústias, a deixarem sair segredos que pareciam estar guardados há tantos anos. Os Arcade Fire têm a chave para uma parte qualquer de nós: eu não sei onde fica ou sequer como se chama; só sei que é uma parte secreta que guarda o que nós não conseguimos dizer em voz alta. E depois foi tudo a cantar em coro, a chuva a querer cair mas a hesitar, o ritmo a querer que o meu corpo mexesse mais depressa. Seria perfeito se o cenário não tivesse sido um parque de estacionamento. Não: acho que mesmo assim foi perfeito.
Do segundo dia não guardo nenhuma memória porque não fui. O meu corpo cedeu, confesso. E pensei que não havia nada que me entusiasmasse. E depois soube do concertaço que deram os LCD Soundsystem. E fiquei bastante chateada, claro que fiquei chateada.
Ontem foi assim bom. Os The Gossip animaram o final de tarde, com a vocalista a esbanjar sexo na maneira como se movia em palco, o Pedro Mexia estava ali mesmo ao lado e eu com vontade de lhe ir perguntar se ele se sente realmente desencantado com este mundo como escreve, os TV On The Radio brilharam já a noite se começava a instalar. Mas depois... Há muito que esperava para ver os Interpol e dou todo o meu tempo por bem empregue. Há uma tristeza naquela voz, uma melancolia urbana, um desespero ou uma dor de amor que me fizeram fechar os olhos tantas vezes e me trouxeram demasiadas imagens de volta. Estarão de volta em Novembro e eu faço planos para os rever. Não cheguei a ouvir mais que um tema dos Underworld mas, do que ouvi, gostei. Quero mais música.
* ou a forma irritante como esta pessoa estava sempre onde nós estávamos
O casamento já me tinha esgotado algumas forças: ninguém consegue partir uma pista de dança e sair imune disso. De maneiras que o primeiro dia de concertos (a quinta-feira não conta) acabou comigo muito rabujenta mas muito feliz. Já tinha visto os Block Party no Coliseu mas este concerto pareceu-me melhor, menos em piloto automático mas em alguns momentos tornou-se aborrecido. Sem contar com a Two More Years, acho que o alinhamento foi cópia integral do outro concerto - neste campo também poucas novidades.
Mas depois tocaram os Arcade Fire (vénia). Ameaçava chover a qualquer momento mas não estava frio. Eu punha-me em bicos dos pés para tentar ver qualquer coisa e pouco conseguia - o jeito que me dava ter antes a altura de uma sueca qualquer. Abriram o concerto com Black Mirror e agarraram no público no primeiro acorde. Eu olhei muitas vezes à minha volta e o que via eram pessoas a gritar angústias, a deixarem sair segredos que pareciam estar guardados há tantos anos. Os Arcade Fire têm a chave para uma parte qualquer de nós: eu não sei onde fica ou sequer como se chama; só sei que é uma parte secreta que guarda o que nós não conseguimos dizer em voz alta. E depois foi tudo a cantar em coro, a chuva a querer cair mas a hesitar, o ritmo a querer que o meu corpo mexesse mais depressa. Seria perfeito se o cenário não tivesse sido um parque de estacionamento. Não: acho que mesmo assim foi perfeito.
Do segundo dia não guardo nenhuma memória porque não fui. O meu corpo cedeu, confesso. E pensei que não havia nada que me entusiasmasse. E depois soube do concertaço que deram os LCD Soundsystem. E fiquei bastante chateada, claro que fiquei chateada.
Ontem foi assim bom. Os The Gossip animaram o final de tarde, com a vocalista a esbanjar sexo na maneira como se movia em palco, o Pedro Mexia estava ali mesmo ao lado e eu com vontade de lhe ir perguntar se ele se sente realmente desencantado com este mundo como escreve, os TV On The Radio brilharam já a noite se começava a instalar. Mas depois... Há muito que esperava para ver os Interpol e dou todo o meu tempo por bem empregue. Há uma tristeza naquela voz, uma melancolia urbana, um desespero ou uma dor de amor que me fizeram fechar os olhos tantas vezes e me trouxeram demasiadas imagens de volta. Estarão de volta em Novembro e eu faço planos para os rever. Não cheguei a ouvir mais que um tema dos Underworld mas, do que ouvi, gostei. Quero mais música.
* ou a forma irritante como esta pessoa estava sempre onde nós estávamos
3 comentários:
Bastante desencantado, com efeito. E também estava ao pé do Miguel Ângelo.
vivó miguel angelo!! credo.. :/
amava ter ido... :(
Eu olhei muitas vezes à minha volta e o que via eram pessoas a gritar angústias, a deixarem sair segredos que pareciam estar guardados há tantos anos... - é mesmo isto.Obrigada por dares uma das melhores definições de sempre...
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