E não consigo evitar falar nisto.
Não sou professora mas quis ser durante quase toda a minha vida. Desde a minha quarta classe que sentia que era isso que saberia fazer e só as vicissitudes da vida (um curso que demorou demasiado tempo a ser acabado, um mercado de trabalho que mudou drasticamente, outros horizontes e outras pessoas) me fizeram mudar de ideias. Mas, mesmo não pertencendo à classe, não consigo deixar de ficar indignada com os últimos acontecimentos. O video que agora veio a lume só vem dar razão à minha (forçada) decisão: ser professor é uma questão de vocação e de esforço, muitas vezes não compensados.
Não me choca que o video tenha chegado à internet, é apenas natural que isso acontecesse. Nem me choca que o motivo da discórdia fosse um telemóvel porque é apenas um sinal dos tempos em que vivemos. Mas toda aquela falta de respeito, todo o desprezo que os alunos mostraram pela professora deixa-me enojada e envergonhada. Fico constrangida quando penso que é com aquela frivolidade que os alunos se sentam numa sala de aulas. Sempre fui uma aluna sossegada mas reconheço a naturalidade de alguns comportamentos, especialmente em idades tão estranhas como são os 14 ou 15 anos. Tive colegas que gostavam de provocação e de desafios mas nunca a este nível.
É claro que desrespeito existiu sempre. É evidente que sempre houve alunos calados e alunos destabilizadores. Mas provavelmente a estes distúrbios seguiam-se medidas correctivas que, pelo menos, restituíam alguma dignidade aos ofendidos. Sou nova mas ainda me lembro dos caldos do professor Júlio ou das chapadas de outros professores. E, atenção, sou completamente contra todas as formas de violência. Mas também sou contra situações destas, em que os alunos saem normalmente impunes, os professores enxovalhados e os pais a culparem o sistema educativo, disfarçando a falta de atenção e incapacidade de imposição de disciplina que vivem em casa.
Chamem-me velha... Provavelmente, este é o início do generation gap que, mais tarde ou mais cedo, me iria atacar. Mas prefiro ser velha do que insensível. E prefiro sentir o abismo entre a minha geração, à qual um dia chamaram rasca, e esta geração, em que muitos depositaram a confiança para mudar o estado das coisas. A juventude sempre foi um período de instabilidade, de fervor, de impetuosidade e ausência de limites. Mas de burrice e desprezo pelos outros não.
Não sou professora mas quis ser durante quase toda a minha vida. Desde a minha quarta classe que sentia que era isso que saberia fazer e só as vicissitudes da vida (um curso que demorou demasiado tempo a ser acabado, um mercado de trabalho que mudou drasticamente, outros horizontes e outras pessoas) me fizeram mudar de ideias. Mas, mesmo não pertencendo à classe, não consigo deixar de ficar indignada com os últimos acontecimentos. O video que agora veio a lume só vem dar razão à minha (forçada) decisão: ser professor é uma questão de vocação e de esforço, muitas vezes não compensados.
Não me choca que o video tenha chegado à internet, é apenas natural que isso acontecesse. Nem me choca que o motivo da discórdia fosse um telemóvel porque é apenas um sinal dos tempos em que vivemos. Mas toda aquela falta de respeito, todo o desprezo que os alunos mostraram pela professora deixa-me enojada e envergonhada. Fico constrangida quando penso que é com aquela frivolidade que os alunos se sentam numa sala de aulas. Sempre fui uma aluna sossegada mas reconheço a naturalidade de alguns comportamentos, especialmente em idades tão estranhas como são os 14 ou 15 anos. Tive colegas que gostavam de provocação e de desafios mas nunca a este nível.
É claro que desrespeito existiu sempre. É evidente que sempre houve alunos calados e alunos destabilizadores. Mas provavelmente a estes distúrbios seguiam-se medidas correctivas que, pelo menos, restituíam alguma dignidade aos ofendidos. Sou nova mas ainda me lembro dos caldos do professor Júlio ou das chapadas de outros professores. E, atenção, sou completamente contra todas as formas de violência. Mas também sou contra situações destas, em que os alunos saem normalmente impunes, os professores enxovalhados e os pais a culparem o sistema educativo, disfarçando a falta de atenção e incapacidade de imposição de disciplina que vivem em casa.
Chamem-me velha... Provavelmente, este é o início do generation gap que, mais tarde ou mais cedo, me iria atacar. Mas prefiro ser velha do que insensível. E prefiro sentir o abismo entre a minha geração, à qual um dia chamaram rasca, e esta geração, em que muitos depositaram a confiança para mudar o estado das coisas. A juventude sempre foi um período de instabilidade, de fervor, de impetuosidade e ausência de limites. Mas de burrice e desprezo pelos outros não.
5 comentários:
concordo contigo, é uma situação mesmo triste. Olhando para trás, qualquer um de nós se consegue lembrar de professores com quem todos gozávamos, os professores que podiam ter jeito para tudo menos para ensinar, os professores que simplesmente não conseguiam chegar até nós. Alias, de todo o meu percurso, consigo lembrar-me de apenas uma meia dúzia de professores realmente bons...
Mas o que se passou neste situação é profundamente triste e revoltante. A falta de respeito, a falta de educação não tem razão de ser, não tem justificação. Infelizmente acho que a coisa tende a piorar...Se na altura dos nossos pais levavam reguadas com fartura e o professor metia medo, na nossa geração já foi diferente (poucos já eram os que batiam) e na destes gaiatos é a bandalheira total. O problema vem de casa, me parece, na falta de educação e de respeito que se vive na família e que tende cada vez mais a transparecer cá para fora.
A crianças precisam de ser educadas, para bem delas mesmas, acredito profundamente nisso.
eu também sou contra todos os tipos de violencia, mas com sinceridade que ao ver aquele video dá vontade de dar três ou quatro piparotes naquela gaiata!!!parece que se esqueceram que educar (também) é impor limites e regras, dizer não, mostrar que cada acto tem consequencias, que podem ser boas ou màs, mas que temos mais é que as aguentar!!no meu tempo esta miúda ia ficar a apanhar lixo do chão da escola durantes três semanas, no minimo. sim, porque uma suspensão é castigo para quem?não para ela, com certeza. é pena que o respeito pelos outros tenha sido trocado pela moda dos rebeldes dos morangos com açucar. revolta-me tanto que façam leis que proibam a criação de cães (que são apenas aquilo que as pessoas fazem deles) e não façam leis que proibam estas merdas que passam na televisão e que se refletem no nosso dia a dia!e se fosse minha filha não ia ver um telemovel nos proximos 10 anos....
Estou totalmente de acordo. E acrescento que me parece (ainda) mais grave o facto de alguns dos alunos estarem mais preocupados em filmar e tirar os outros da frente do que tentar evitar aquele confronto. Também me incluíram na geração rasca, mas em nenhuma das turmas por onde passei no secundário havia a velhacaria desta gente. O mais triste é que as coisas mais feias deste mundo não são quase nunca actos em si, mas o olhar para o lado de quem podia evitá-los. Gostei do teu blog,
De volta. Já há uns tempos que não te lia!
É vergonhosa a falta de punição destes alunos. Felizmente, sou professora em ensino vocacional e, por enquanto, ainda não me deparo com estas situações.
Nos meus tempos de escola (há 10 menos, mais ou menos), os correctivos aplicavam-se e não foi por isso que as criancinhas ficaram traumatizadas. Estas crianças devem ser castigadas, isso é claro como a água. Mas como? Hoje em dia, os miúdos simplesmente não se importam com nada. Tanto se lhes faz!
A falta de respeito é tão grande que nem se respeitam a eles mesmos. Não respeitam a sua liberdade ou então têm uma noção de liberdade algo distorcida...
É giro ler os vossos comentários porque somos (aparentemente) todos da mesma geração... Já há uma espécie de solidariedade que vem com a idade :)
K., obrigada. Espreitei o teu e também me parece que continuarei a ler :)
Meow, welcome back ;)
Enviar um comentário