Apago a luz e tento arranjar a melhor posição na cama. Quando me viro para o lado que todas as noites está vazio, vejo-o deitado e sério, olhando para o tecto, sem saber que eu estou a observá-lo. Está calor e ele deita-se de tronco nu sem se tapar. Sei que fez a barba antes de se deitar e consigo imaginar-lhe o cheiro do after shave, que pôs mesmo sabendo que ia dormir. Os olhos dele não se movem, estão fixos no tecto ou em qualquer coisa que só ele vê. Secretamente, ele imagina que consegue controlar a direcção das suas emoções e a intensidade dos seus sentimentos. A sua força é tanta que já não há nenhuma fronteira entre aquilo que idealiza e o que vive. Está escuro no quarto mas os olhos dele continuam tão abertos como se o dia tivesse acabado de nascer. E estão fixos num ponto que para mim é imaginário e para ele é desconfortavelmente real.
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