Estava a pensar no que é isto de ser íntimo de alguém. Estava a pensar que podia ser confiar segredos, desmontar vícios, ver através de alguém ou simplesmente estar nua junto a outro corpo nu. E ocorreu-me que talvez tenha tido os meus maiores momentos de intimidade com estranhos, com pessoas que nunca vi ou a quem nem sequer confiei o mais insignificante dos meus segredos. É estranho mas às vezes sinto-me travada pelo pudor com as pessoas que tenho mais perto de mim e, ao contrário, um estranho pode levar de mim a coisa mais inconfessável, se o momento for o certo... Com um estranho (e com isto quero dizer um homem ou uma mulher) não há obrigações morais nem de sociedade, não há protocolos a cumprir porque os vamos inventando pelo caminho, não há regras nem limites, não se espera nada em troca. E é óbvio que não estou aqui a fazer o elogio da ausência de laços nem a desprezar as minhas relações mais antigas. É só que nos cruzamos com tanta gente nova e as nossas reacções são tão imprevisíveis que estes momentos de intimidade se tornam um mistério para mim. E quanto mais avanço (sem saber em direcção ao quê), mais sinto esta espécie de liberdade.
(confiou-me um segredo baixinho e eu guardei-o como uma preciosidade. agora quero o resto da intimidade.)
* como no filme, um dos meus preferidos de sempre, em que ele e ela não precisam de falar: encontram-se naquela casa semi-vazia e suja, despem-se já ofegantes quase sempre à mesma hora e entregam-se um ao outro - dois estranhos, nus, a intimidade espalhada pelo chão. Fazem-no até ao dia em que a carne deixa de ser suficiente para se sentirem próximos - o laço invisível não estava lá.
(confiou-me um segredo baixinho e eu guardei-o como uma preciosidade. agora quero o resto da intimidade.)
* como no filme, um dos meus preferidos de sempre, em que ele e ela não precisam de falar: encontram-se naquela casa semi-vazia e suja, despem-se já ofegantes quase sempre à mesma hora e entregam-se um ao outro - dois estranhos, nus, a intimidade espalhada pelo chão. Fazem-no até ao dia em que a carne deixa de ser suficiente para se sentirem próximos - o laço invisível não estava lá.
1 comentário:
E eu abro o teu blog hoje e sinto o meu supervisor a passar aqui atras. Ai, que tu despedes-me hoje rapariga...
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