O carro perdeu imensa velocidade e, vindo da bagageira, começou um ruído altíssimo e estranho. Pensava que era simplesmente por a subida ser acentuada e o carro, velho como é, não estar a aguentar. Mas afinal era um furo. Não, melhor: era um pneu novo completamente estraçalhado.
Não foi assim muito divertido. À velocidade a que ia, foi quase um milagre o carro não ter desviado a sua trajectória e não ser obrigada a nenhuma manobra súbita. Estava bastante calor para estar parada ao Sol. O triângulo, que nunca antes tinha usado, estava partido. O colete também ainda não tinha sido retirado do saquinho plástico. Depois de tudo devidamente sinalizado, peguei no pneu suplente e no macaco para começar a troca. O carro estava demasiado baixo para conseguir enfiar o macaco no sítio e levantá-lo. E foi mais ou menos aí que começou a frustração, talvez até um pouco mais cedo: sentir que precisava ser mais autónoma e não conseguir, querer resolver um problema e sentir que a solução está a uns quilómetros de distância. E a solução não foi exactamente a assistência, mas sim o meu paizinho*, que ainda estava a poucos quilómetros de casa.
Odeio ser frágil. Porque não era não saber como se mudava um pneu- era não ter a força para alterar a inclinação do carro, para contrariar as leis da física. E provavelmente, mesmo que conseguisse colocar o macaco na posição correcta, não iria conseguir desapertar as porcas. E agora, como se o resto das despesas não estivessem já contra mim, vou provavelmente ter que comprar dois pneus. Portanto, foi um dia impecável, a deixar a minha auto-estima e o meu orçamento pelos dias da amargura. Nem sei se hei-de pensar que melhores dias virão ou que o pior ainda está aí a espreitar... Vou fingir que não me lembro da lei de Murphy.
* que, quero que fique registado publicamente, é o maior do Mundo por correr sempre para mim quando preciso, por me acalmar com aquele ar de quem sabe tudo (mas tudo!) o que é preciso e que não fica zangado por me ter ensinado a mudar um pneu sem sucesso (vemos agora).
Não foi assim muito divertido. À velocidade a que ia, foi quase um milagre o carro não ter desviado a sua trajectória e não ser obrigada a nenhuma manobra súbita. Estava bastante calor para estar parada ao Sol. O triângulo, que nunca antes tinha usado, estava partido. O colete também ainda não tinha sido retirado do saquinho plástico. Depois de tudo devidamente sinalizado, peguei no pneu suplente e no macaco para começar a troca. O carro estava demasiado baixo para conseguir enfiar o macaco no sítio e levantá-lo. E foi mais ou menos aí que começou a frustração, talvez até um pouco mais cedo: sentir que precisava ser mais autónoma e não conseguir, querer resolver um problema e sentir que a solução está a uns quilómetros de distância. E a solução não foi exactamente a assistência, mas sim o meu paizinho*, que ainda estava a poucos quilómetros de casa.
Odeio ser frágil. Porque não era não saber como se mudava um pneu- era não ter a força para alterar a inclinação do carro, para contrariar as leis da física. E provavelmente, mesmo que conseguisse colocar o macaco na posição correcta, não iria conseguir desapertar as porcas. E agora, como se o resto das despesas não estivessem já contra mim, vou provavelmente ter que comprar dois pneus. Portanto, foi um dia impecável, a deixar a minha auto-estima e o meu orçamento pelos dias da amargura. Nem sei se hei-de pensar que melhores dias virão ou que o pior ainda está aí a espreitar... Vou fingir que não me lembro da lei de Murphy.
* que, quero que fique registado publicamente, é o maior do Mundo por correr sempre para mim quando preciso, por me acalmar com aquele ar de quem sabe tudo (mas tudo!) o que é preciso e que não fica zangado por me ter ensinado a mudar um pneu sem sucesso (vemos agora).
3 comentários:
Não há mal nenhum em pedir ajuda. E menos quando o fazemos a pessoas que gostam de poder ajudar-nos, tipo os nossos pais e mães. Espero um dia não recordarmos com nostalgia os tempos em que ainda havia pessoas suficientemente gentlemen ou genuinamente desinteressadas para estender uma mão a um amigo em sarilhos. Nem que estes sejam apenas mudar um pneu... :)
Houve uma senhora muito prestável que parou ao meu lado, sem sinalizar a manobra e que ia provocando uma desgraça :)
Por enquanto, ainda se confirma mas sei que não teria saudades nenhumas do estigma Mulher ao volante...
O que vale é que os paizinhos valem-nos sempre. Tenho a certeza que até por telefone conseguiria ajudar-te!
Quanto ao insucesso das suas aulas, o meu pai também já me explicou vezes sem conta como controlar os níveis do óleo e não sei que mais e eu continuo sem saber! Shame on me... on us!!
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