Preparo a menor mala que consigo para não me atrapalhar e deixo uma Lisboa chuvosa para trás. É uma eternidade que demoro até chegar ao meu destino, horas perdidas num aeroporto cuidadosamente desenhado e assustadoramente silencioso em que quase consigo ler um livro duma assentada só.
Bruxelas espera-me com o seu tempo instável e frio, a lembrar-me que aqui o Sol é realmente uma preciosidade. Pouso as malas e levam-me a jantar a um restaurante português feio e mal decorado mas com o melhor e mais original bitoque de que há memória. Atravessamos a Grand Place toda iluminada. A noite passa-se entre este sítio aqui e uma discoteca com os piores êxitos dos últimos tempos, onde nem a cerveja pesada faz esquecer a fraca performance do DJ. Conheço pessoas novas, tanta gente do Mediterrâneo e revejo caras conhecidas, sempre a oscilar entre duas ou três línguas diferentes.
Fazemos um piquenique no parque, apenas interrompido pelo vento gelado que estragava aquele dia de Sol. Levam-me a um vigésimo primeiro andar com a vista mais maravilhosa da cidade e eu tremo com as vertigens antes de dormir a sesta numa cama até agora desconhecida. Janto pela primeira vez num restaurante africano, onde como as mais deliciosas asas de frango de todo o sempre e onde quase acabamos a dançar. Festejo os anos de alguém que não conheço e somos nós, os portugueses, que vamos tomando conta da música, alternando entre a playlist da anfitriã e as recordações de outras décadas.
Apanhamos um comboio e, meia hora depois, chegamos a uma Gent aparentemente abandonada e demasiado fria. Andamos, andamos e andamos, às vezes debaixo de uma chuva nervosa, da qual fugimos para uma cerveja e um capuccino que demoram a chegar. Fazemos concursos para ver quem consegue fazer a cara mais séria e eu perco sem apelo. Baptizamo-nos de Toppo Giggio e o Coco Pops depois de fazermos mais concursos absurdos.
Posso ser analfabeta funcional porque não saber ler uma reserva de voo acabou a custar-me muito dinheiro. Corro, quase desfalecendo, entre terminais no aeroporto de Madrid, certa de que o pesadelo ainda estava longe de acabar. Mas tudo o que quero mesmo recordar está guardado, trancado dentro da sua própria impossibilidade, condenado a nunca se repetir. Quando pouso as malas em casa, enfio-me de imediato debaixo do chuveiro e, ao contrário de todos os outros regressos, não é alívio aquilo que sinto hoje.
*mais fotos, como sempre, aqui.
Bruxelas espera-me com o seu tempo instável e frio, a lembrar-me que aqui o Sol é realmente uma preciosidade. Pouso as malas e levam-me a jantar a um restaurante português feio e mal decorado mas com o melhor e mais original bitoque de que há memória. Atravessamos a Grand Place toda iluminada. A noite passa-se entre este sítio aqui e uma discoteca com os piores êxitos dos últimos tempos, onde nem a cerveja pesada faz esquecer a fraca performance do DJ. Conheço pessoas novas, tanta gente do Mediterrâneo e revejo caras conhecidas, sempre a oscilar entre duas ou três línguas diferentes.
Fazemos um piquenique no parque, apenas interrompido pelo vento gelado que estragava aquele dia de Sol. Levam-me a um vigésimo primeiro andar com a vista mais maravilhosa da cidade e eu tremo com as vertigens antes de dormir a sesta numa cama até agora desconhecida. Janto pela primeira vez num restaurante africano, onde como as mais deliciosas asas de frango de todo o sempre e onde quase acabamos a dançar. Festejo os anos de alguém que não conheço e somos nós, os portugueses, que vamos tomando conta da música, alternando entre a playlist da anfitriã e as recordações de outras décadas.
Apanhamos um comboio e, meia hora depois, chegamos a uma Gent aparentemente abandonada e demasiado fria. Andamos, andamos e andamos, às vezes debaixo de uma chuva nervosa, da qual fugimos para uma cerveja e um capuccino que demoram a chegar. Fazemos concursos para ver quem consegue fazer a cara mais séria e eu perco sem apelo. Baptizamo-nos de Toppo Giggio e o Coco Pops depois de fazermos mais concursos absurdos.
Posso ser analfabeta funcional porque não saber ler uma reserva de voo acabou a custar-me muito dinheiro. Corro, quase desfalecendo, entre terminais no aeroporto de Madrid, certa de que o pesadelo ainda estava longe de acabar. Mas tudo o que quero mesmo recordar está guardado, trancado dentro da sua própria impossibilidade, condenado a nunca se repetir. Quando pouso as malas em casa, enfio-me de imediato debaixo do chuveiro e, ao contrário de todos os outros regressos, não é alívio aquilo que sinto hoje.
*mais fotos, como sempre, aqui.
3 comentários:
O aeroporto de Madrid (Barajas) é realmente um fenómeno! Muito grande, muito fácil de perceber e sem dúvida calmo! Tão calmo que consegui dormir quase 2 horas sem interrupções!
Bruxelas é uma cidade linda :)
Eu já dormi uma noite no T4 e posso dizer que não foi má de todo, até o senhor das limpezas teve cuidado connosco para não nos acordar(o pior foi a viagem a seguir). Mas fiquei com tanta curiosidade em conhecer melhor a cidade que acho que ainda lá volto e, desta vez, vou experimentar o T1, o T2 e o T3. Depois partilho qual foi melhor :)
Parece que este fim-de-semana estava toda a gente em Barajas! Eu também passei por lá, numa azáfama de malas, tapetes rolantes e muito, muito cansaço. Às vezes nem é mau de todo que o aeroporto seja pequenino como o de Lisboa, poupa-nos a muitas correrias...
:S
Espero que a "ressaca" do regresso não custe demasiado a passar. :)
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