setembro 16, 2009

All the people, so many people

A verdade é que, debaixo deste layout cor de rosa e destes sonhos todos, se esconde alguém que oscila cada vez mais nos sentimentos em relação às pessoas. Acho que nesta matéria chego a ser bipolar, tais são as variações entre os dois pólos das minhas relações com os outros.

Por um lado, ainda me consigo deslumbrar com a generosidade e princípios de algumas pessoas, com a genuína vontade de fazer bem sem esperar nada em troca. Mas por outro, e garanto que estes últimos dias não têm sido nada fáceis, há muito que sinto que a maioria das pessoas não merece a importância que me vejo obrigada a dar-lhes: as pessoas que não mexem uma palha para conseguirem o que lhes faz falta, as pessoas que cruzam os braços à menor dificuldade, as pessoas que desistem ao primeiro contratempo, as pessoas que arranjam subterfúgios e bodes expiatórios para fugirem às suas responsabilidades, as pessoas que nos descartam quando se fartam de nós ou quando já não lhes fazemos falta, as pessoas que usam outras e abusam da sua ingenuidade, as pessoas que nos tossem para cima no metro, as pessoas que não limpam os individuais depois do almoço.

Eu respiro fundo, juro que respiro, mas não tem sido fácil nestes últimos dias. Não é fácil impingir rectidão a quem não tem espinha e é impossível pedir a alguém que respeite os princípios em que não acredita. Felizmente, ainda não me conseguiram acabar com o optimismo e com a ideia de que há pessoas genuinamente boas, dificilmente corrompíveis, empenhadas em fazer deste um mundo melhor. Eu já VI estas pessoas. Falo com algumas todos os dias e sei que são muito mais do que apenas ingénuas. Mas estas pessoas são muitas vezes como as pedras naqueles jardins orientais: submersas, escondidas pelas águas paradas mas firmes na sua ligação ao outro lado. Eu batalho para estar também deste lado das trincheiras e tentar ser um exemplo de cidadania. Mesmo que me digam que o mundo é dos espertos.

6 comentários:

Crama disse...

Penso exactamente como tu.
Vamos abrir um clube?
Pode ser que não seja muito exclusivo...

K. disse...

Tu és uma dessas pessoas.

NM disse...

Este texto fez-me lembrar a música Little Person da banda sonora do filme Sinédoque, Nova Iorque.
Aqui: http://www.youtube.com/watch?v=IA_ubhYgjAc

Laranjas disse...

I'll join the club! Muito bem, parabéns

ana disse...

Bom texto. :)

mir disse...

oiço normalmente palavras como "idealista" ou "sonhadora" ditas com tal paternalismo que mais fazem delas simples sinónimos de "banana".

Banana ou não, i'll join the club too!