Não sendo diferente das outras pessoas, eu tenho um sério problema com o dinheiro. Não é que não saiba o que fazer com ele ou que ele seja demais - é só que ele nunca me chega. Odeio ter que depender dele e por isso já desejei muitas vezes voltar à época da troca directa, onde o comércio me parecia muito mais justo e adequado às necessidades de cada um. Hoje em dia é impossível não pensar no dinheiro, fazemos muito pouco sem ele mas também não somos necessariamente mais felizes com ele.
Há uns meses valentes que suspiro profundamente pelo final do mês, tentando adivinhar quando vai ser depositado mais dinheiro na minha conta. A prestação da casa asfixia-me e é um luxo que estou a pagar bem caro. Mas foram nove anos a morar sozinha, sem depender de senhorios ou companheiros de casa psicóticos/sujos/cleptomaníacos, sem ter que usar apenas o quarto e a cozinha, sem ter que aturar amigos alheios. E, precisamente por ser tão independente, encontro-me absolutamente dependente desta despesa e tudo o que planeio tem que ser feito a partir dela. Quantas pessoas é que conseguem poupar alguma coisa hoje em dia? Duvido que sejam muitas e eu não sou certamente uma delas. Tenho um pé de meia muito curtinho, quase roto, que me salvará em caso de doença mas pouco mais que isso.
A minha relação com o dinheiro teve basicamente duas fases: a de adolescente (até estar na universidade, inclusivamente) e a de jovem trabalhadora. Na primeira, todo o dinheiro que os meus pais me davam era pouco, havia crises que resultavam da minha má gestão, já havia sinais desta vício da não-poupança. Agora, independente financeiramente, não sei como viveria sem eles. Revolta-me saber que eles evitam pequenos prazeres para me poderem ajudar e, se antes agradecia todo o dinheiro que me davam, hoje já tento recusá-lo, normalmente em vão. E mesmo sabendo que o meu pai dormia mal porque tentava arranjar uma maneira de esticar um ordenado sempre curto, não podia imaginar que alguma vez o dinheiro me fosse tirar o sono. Ah a ingenuidade...
Por isso, acho estranho que hoje não entendam os meus pequenos prazeres. Fico excitadíssima quando posso gastar o meu dinheiro em bilhetes para concertos ou livros ou viagens modestas - é só a maneira que arranjei para me manter livre. E para fingir que o dinheiro não tomou conta de mais esta vida. Não que passe todos os meus dias a pensar nisso... Mas daqui a nove dias é finalmente final do mês. Ufa.
* ou eu havia de arranjar maneira de dizer isto num dia qualquer.
Há uns meses valentes que suspiro profundamente pelo final do mês, tentando adivinhar quando vai ser depositado mais dinheiro na minha conta. A prestação da casa asfixia-me e é um luxo que estou a pagar bem caro. Mas foram nove anos a morar sozinha, sem depender de senhorios ou companheiros de casa psicóticos/sujos/cleptomaníacos, sem ter que usar apenas o quarto e a cozinha, sem ter que aturar amigos alheios. E, precisamente por ser tão independente, encontro-me absolutamente dependente desta despesa e tudo o que planeio tem que ser feito a partir dela. Quantas pessoas é que conseguem poupar alguma coisa hoje em dia? Duvido que sejam muitas e eu não sou certamente uma delas. Tenho um pé de meia muito curtinho, quase roto, que me salvará em caso de doença mas pouco mais que isso.
A minha relação com o dinheiro teve basicamente duas fases: a de adolescente (até estar na universidade, inclusivamente) e a de jovem trabalhadora. Na primeira, todo o dinheiro que os meus pais me davam era pouco, havia crises que resultavam da minha má gestão, já havia sinais desta vício da não-poupança. Agora, independente financeiramente, não sei como viveria sem eles. Revolta-me saber que eles evitam pequenos prazeres para me poderem ajudar e, se antes agradecia todo o dinheiro que me davam, hoje já tento recusá-lo, normalmente em vão. E mesmo sabendo que o meu pai dormia mal porque tentava arranjar uma maneira de esticar um ordenado sempre curto, não podia imaginar que alguma vez o dinheiro me fosse tirar o sono. Ah a ingenuidade...
Por isso, acho estranho que hoje não entendam os meus pequenos prazeres. Fico excitadíssima quando posso gastar o meu dinheiro em bilhetes para concertos ou livros ou viagens modestas - é só a maneira que arranjei para me manter livre. E para fingir que o dinheiro não tomou conta de mais esta vida. Não que passe todos os meus dias a pensar nisso... Mas daqui a nove dias é finalmente final do mês. Ufa.
* ou eu havia de arranjar maneira de dizer isto num dia qualquer.
1 comentário:
Como te compreendo. :)
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