outubro 20, 2008

Ficção #8

Dás a ti mesmo mais uns momentos de reserva para que possas decorar as linhas imperfeitas daquele corpo e para que possas imaginá-la na tua cama sempre que o desejo falar mais alto. Queres cobrir aquela pele de beijos mas são as tuas mãos que avançam primeiro, respondendo apenas ao teu instinto. A expressão dela está escondida atrás dos olhos que fechou ao sentir a tua pele, é um estado feito de arrepios e de língua humedecendo os lábios copiosamente, é um dedo levado à boca para refrear o prazer. Com a boca quase colada à dela, dizes-lhe qualquer coisa de que já não guardas nenhuma recordação mas é a preparação, é o ensaio para o momento em que acaba toda a encenação e os dois corpos já não se conseguem distinguir debaixo da luz fraca daquele abajour deformado pelo calor.

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