Não acredito na teoria de que não se deve voltar onde já se foi feliz. Por mim, e para alimentar o meu masoquismo, devemos regressar vezes sem conta, desprezando as consequências e os contratempos, o vazio que se instala logo de seguida. As consequências ficam para amanhã. E, quando chegar amanhã, fechamos os olhos com força e conseguimos aguentar. Foram tantas horas em trânsito, habitando as desconfortáveis cadeiras dos aeroportos e os partilhados bancos dos comboios. Mas foram também os camarões que passavam por nós no centro cultural espanhol e a miúda de óculos que me levou a dançar no Le Bazaar. Foi bater àquela porta às quatro da manhã, quando já não se ouvia nada na rua, senão o frio a subir pelas paredes. Foi andar na roda gigante e entrar em pânico exactamente no topo, temendo não aguentar a vertigem, como quando não conseguimos conter outras emoções. Foi dançar quase às escuras, ser comparada à Selma Hayek (sim, há quem precise de um oftalmologista, eu sei) e quase não conter a gargalhada, foi bom ser vista e ver.
Não sei melhor. E regressava outra vez, de olhos fechados. Mesmo sabendo como é voltar.
Não sei melhor. E regressava outra vez, de olhos fechados. Mesmo sabendo como é voltar.
4 comentários:
Fico muito feliz por ti, e por essa viagem ter valido a pena. :)
:D
Ainda estou a tentar avaliar isso...
No fundo nunca voltamos a onde fomos felizes, por isso essa teoria nao tem lógica nenhuma. Onde fomos felizes nao é um espaço físico (antes fosse), mas sim um espaço temporal. Nao fomos felizes em universidades, nem em bares, nem em casas... fomos felizes com as pessoas que estavam connosco nesses sítios, que em determinados momentos estavam junto a nós e partilharam a vida connosco. Por isso essa teoria é estúpida e muitas vezes é bom voltar aos velhos lugares. Mas sem a ideia que vamos encontrar a felicidade de outros tempos, tudo igual, porque a vida vai mudando, e as pessoas também. É bom poder procurar novas felicidades.
Também sou tão masoquista! Oiço aquela música que não posso vezes sem conta, vejo as fotografias que não posso vezes sem conta, falo do que não devo vezes sem conta. Mas isso só me deixa com uma certeza: eu já vivi aquilo a que costumam chamar de Felicidade. :)
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