janeiro 08, 2010

Del todo nos vamos y desaparecemos en su casa

 

Tantas vezes preciso de música para escrever. Confesso que muitas, muitas vezes não teria escrito sem a ajuda da música e isto sabe a batota, como se estivesse a roubar a inspiração de alguém. Mas também sabe um pouco a sinestesia e a esta afinidade da música com as palavras, com a emoções, com os cenários que se vão desenhando na nossa cabeça. E preciso de música para perdoar, para me convencer de que não devo deixar o sangue quente reinar sobre mim, para compreender minúscula importância da minha vida. E preciso de música para viajar, mesmo sentada numa cadeira de escritório, e para silenciosamente exaltar este meu bem querer e troçar dos fantasmas dos tempos já idos. E se tiver música posso reinventar-me e multiplicar as minhas declarações de amor.

E posso ser uma mulher descalça em pleno deserto, um xaile apenas pelos ombros descobertos, com um brilho que nem o pó consegue cobrir, suando os meus amores impossíveis e começando a ceder à vertigem voluntariamente. Choram guitarras e baila-se à vez. Acho que se chama a isto ser livre.

[chego muitas vezes tarde, já o disse antes, mas o que conta é chegar lá. E tu já foste mas deixaste tantos mundos cá em baixo.]

1 comentário:

K. disse...

Quando cheguei a Barcelona, disposto a começar uma vida do zero outra vez, ia no táxi que saía do aeroporto a ouvir uma música dela. "La frontera". Fazia imenso calor e tudo era uma incógnita. E é tao bom poder ter recomeços. Fiquei sempre com a Lhasa como o hino do meu último recomeço.