Já o disse noutras redes sociais e repito-o também aqui: 2016 foi um bom ano para mim. Para mim, é fácil distinguir entre os acontecimentos que marcaram o ano mas que não me dizem respeito directamente e aquilo que vivi nos últimos doze meses. Não confundo as mortes de actores, músicos e outras figuras públicas com a minha vida quotidiana. É claro que senti também as perdas (umas mais que outras, é mesmo assim) mas acho que são o resultado também da passagem do tempo e é mais do que certo que os próximos anos não serão muito diferentes: afinal, não somos só nós - os nossos ídolos, modelos e heróis também estão a envelhecer.
Parece mentira que foi em Janeiro deste ano que regressei ao trabalho depois de quase um ano de licença de maternidade: sinto-me como se tivesse trabalhado bem mais do que isso, agora que já voltei a casa para mais uns meses de descanso. Profissionalmente, comecei o ano a pensar em alternativas, a sentir que não iria aguentar aquela pressão muito mais tempo. Mas felizmente resolvi dar tempo ao tempo e esperei por Março, mês em que a empresa voltou a ser independente e todos pudemos finalmente respirar. Percebi que não me sinto confortável a ser uma pequena peça de uma gigante engrenagem e que é mais fácil sentir-me motivada e trabalhar melhor num ambiente mais restrito. Apliquei-me a sério, acho que desenvolvi outras capacidades igualmente importantes mas não directamente ligadas com a minha posição, tentei ser útil e abracei com toda a força a equipa em que já trabalhava. Foi um excelente ano de trabalho.
Pessoalmente a coisa não se ficou atrás. É bem verdade que tenho uma filha quase com dois anos que ainda não dorme a noite inteira (ainda hoje tive que me levantar três vezes...) mas concluo que o corpo se habitua a tudo, inclusivamente a menos e menos horas de sono. Em Junho, percebemos que vinha aí o terceiro filho, ideia que ainda me fascina tanto quanto me amedronta: eu acho que a verdadeira revolução é quando passamos de um para dois filhos mas estou pronta para mudar de ideias. À terceira gravidez, já nada é novidade, o entusiasmo das pessoas é praticamente nulo (ainda este fim de semana nos perguntaram se não temos televisão em casa... :) ), há dois filhos cá fora a pedir colo e atenção, os enjoos e as dores de ossos já há muito que perderam a graça. Mas a ideia de sermos cinco, a projecção da casa cheia (e da loucura que vai ser a gritaria destes três...) fazem-me sorrir. O mais velho continua com os seus problemas de audição selectiva mas também muito meigo e curioso, sempre a pensar no que o rodeia. Está a experimentar a ler sozinho, faz perguntas atrás de perguntas, demonstra a sua crescente maturidade. O rebento do meio faz-nos perder as estribeiras: o raio da miúda não faz nada do que lhe pedimos, não tem ainda qualquer noção do perigo, fala muito pouco mas entende tudo, não estranha ninguém. Dormir à noite ou fora de uma cama não é com ela mas está lentamente a aprender a dar abraços e a demonstrar as suas afeições.
Viajámos bastante (fui cinco vezes a Portugal, visitámos Berlim e Estugarda, descobrimos o Lichstenstein, a Lombardia em Itália, o Mont Blanc em França, regressámos claro a Bruxelas e eu a Barcelona). Com a chegada iminente do bebé, não antevemos viagens maiores (do género intercontinental) para os próximos tempos mas sabemos que esta nossa localização nos deixa sonhar com outros países europeus. Celebrámos quatro anos de casados e sete anos juntos e não foi fácil, como não o são as relações tão complexas e profundas mas seguimos em frente com todo o Amor. Vi algumas relações falharem e isso deixa-me sempre a pensar: tenho sempre medo que a nossa seja a próxima. Mas somos todos pessoas diferentes e a viver dinâmicas diferentes. Eu decidi não prometer nada a mim mesma - apenas lutar sempre pelo homem que mais me compreende, que mais me aprecia, a quem mais admiro. Mesmo nos dias em que não nos saem duas palavras agradáveis da boca, especialmente nesses dias.
Como é costume, desejo a todos os leitores deste blog (caso eles ainda existam e onde quer que me leiam) um óptimo Ano Novo! Que possamos continuar em paz, ajudar os outros sempre que nos for possível, viver consciente e civilizadamente, apreciar as coisas simples e boas da vida, ter a cabeça no aqui e agora. Todos os dias acontecem coisas suficientes para nos lembrar daquilo que é verdadeiramente importante. A miséria, a pobreza e a destruição são hoje omnipresentes, façamos o que pudermos para combatê-las. Não se levem demasiado a sério, não guardem rancores desnecessários, não sejam demasiado radicais - tudo conselhos que que tenciono seguir também. E amem muito, mesmo que esse Amor se tenha de transformar vezes sem conta até chegarem à sua versão mais pura e cândida. Até 2017!