maio 16, 2007

A melhor coisa de ter folgas durante a semana é ter tempo para fazer todas aquelas coisas que vamos deixando para trás, indeterminadamente, sem planos muito reais para as resolver. Também sabe especialmente bem poder acordar depois das sete e meia sem qualquer sentimento de culpa e pensar que o dia ainda está todo à minha frente. Hoje foi a primeira folga da semana (sim, porque amanhã há mais!) e sinto-me como se tivesse enfiado três ou quatro dias em apenas um.

Uma das melhores coisas que me aconteceu depois de me mudar para a minha casa é que posso usar o eléctrico tantas vezes quantas me apetecerem porque a paragem é praticamente à minha porta. Hoje foi andar até não aguentar mais ser esmagada por gordas turistas alemãs ou por velhas que ainda trazem posto o avental com que amanham o peixe, foi explicar se estavam no sentido certo, foi apanhar sempre o eléctrico à rasca, correndo uns metros para não o deixar fugir. Conto quatro viagens sob um calor mais típico de Julho do que de Maio, a temperatura apenas suportável porque as janelas iam todas abertas. Mas o que eu adoro andar de eléctrico... *suspiro*


Além das milhentas coisas que tinha para tratar (entre as quais, uma visita à Loja do Cidadão que me desapontou dada a ausência de material blogável...), acontece ainda o inesperado: saio de casa e, no mesmo instante em que largo o puxador da porta, lembro-me que as chaves estão do lado de dentro. E que o jogo de chaves suplentes mais perto está a sensivelmente a duzentos quilómetros daqui... Peço ajuda à minha vizinha, para tentar entrar pela janela das traseiras, sem sequer saber se consigo chegar à minha própria janela.



A primeira prova de fogo é tentar passar entre o estendal da roupa dela: em poucos segundos, ia ficando sem rabo, sem barriga e sem mamas! O estendal da vizinha era feito de uma qualquer liga de metal em vez das habituais cordas e eu... bem, eu não tenho a silhueta da Kate Moss. Depois, a medo, chego perto da minha janela e acontece aquilo que eu temia: a janela está bastante mais acima do que eu consigo alcançar sem esforço. Lanço os braços mas sem acreditar muito no que estou a fazer. A meio, tenho de parar para tirar o cinto e recomeçar tudo. Estou literalmente pendurada no meu parapeito, sem qualquer esperança de me conseguir içar mais e já há gente nos prédios atrás de mim a desconfiar da minha manobra. Completamente desesperada, decido que vou entrar, nem que bata de imediato com a cabeça no chão. E consigo! As cordas e arames não me mataram mas deixaram estragos.

E começo a temer pelo dia de amanhã. Hoje já foi o que foi e estou longe de me conseguir mexer, portanto amanhã tenho que proteger-me. Planeada está uma ida à praia (desculpem-me os trabalhadores, mas tinha mesmo mesmo que o dizer!) porque toda a gente me anda a falar nos trinta graus que vão estar amanhã. Vamos lá a ver se não me deixo enrolar por uma onda...

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