Comer uma bifana quentinha às nove da manhã é uma das melhores coisas que já me aconteceu. Dispensei a mini que a devia acompanhar porque continuo a ter as minhas reservas quanto à possibilidade de beber alcóol antes do meio dia. Foi assim que terminou a minha manhã, depois de ter acordado às seis (!) da manhã para fazer quinze quilómetros a pé.
O dia amanheceu lindo, com um céu azul daqueles que só se vêem aqui e uma temperatura fresca, ideal para a caminhada. O percurso é todo feito em alcatrão mas a paisagem é, muitas vezes, de uma beleza incrível. São as vinhas que se estendem por encostas sem declives, as vacas que aguardam no curral o seu começar do dia, os campos ainda verdes, apenas interrompidos pelo lilás do rosmaninho. A maior parte das pessoas foi cumprir promessas, nós fomos apenas pelo prazer de andar, o mesmo prazer que no final se tornou em dor e na sensação esquisita de termos pernas que andam automaticamente, já não respondem ao cérebro. À chegada, há uma feira montada, há o cheiro enjoativo da massa frita a competir com as bifanas que fritam ao lado, há balões e algodão doce, há demasiadas pessoas a entrar na igreja e ainda mais pessoas a tentar acender uma vela.
Com mais tempo, podíamos ter ficado a dormir debaixo de uma oliveira, a gozar o dia e a agitação. Como tempo não há, regressámos à cama durante breves horas, a antecipar a segunda viagem do dia. Dissemos 'Até para o ano!'.
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