maio 10, 2007

A minha chefe pediu-me hoje que prepare um pequeno discurso para a próxima segunda-feira. Encarregou-me de falar com um membro da minha equipa, muito provavelmente para testar as minhas capacidades de liderança. A situação é esta:


a pessoa em questão não cumpre os seus objectivos de produtividade, não chega a horas, passa a vida distraído, sabe fazer reivindicações mas não pretende cumprir com os objectivos estabelecidos pelo departamento, estás prestes a não ver o seu contrato renovado.

O meu estado de espírito é este:


apetece-me mostrar mais firmeza e determinação e testar os meus próprios limites mas não quero tornar-me numa pessoa insensível às pessoas e sensível aos números. Tenho a oportunidade de falar com a pessoa sobre coisas que há muito me incomodam mas não quero desviar-me do propósito da conversa, sob pena de dizer mais do que quero.

Ouvi um dia dizer que, quanto mais alto se sobe, mais sozinho se está. Ouvi que não há amigos no trabalho, que as pessoas precisam todas de se fazer à vida. Neste momento, eu estou no meio de uma equipa que me mantém bem disposta o dia todo, que me faz rir e que, mesmo com todos os problemas que já ali vivemos desde há um ano para cá, tem aguentado a barra. Acho que não me apetece ainda passar para o outro lado e ser fuzilada com olhares ou ser considerada totalitária ou ser simplesmente ignorada. Não vou fugir à minha responsabilidade mas vou pensar muito, mas muito bem quando é que quero dar o próximo passo em frente. Não será em breve.

(já vou sentindo falta de fazer zapping mas não há pachorra para o Mundo)

4 comentários:

Anónimo disse...

Pois, sei o que isso é... segue a tua intuicao, é o melhor que tens a fazer. Eu fui aprendendo com os erros e com as noites em que chegava a casa a sentir-me ou boazinha demais ou uma grande cabra... convenhamos, há que encontrar um equilíbrio ;). Boa sorte.

Mike Monteiro disse...

Acho que a situação não passa por seres insensível ou mesmo "cabra". Se acreditas que de facto aquela pessoa não cumpre com o que lhe é pedido, só tens de lho dizer da forma mais assertiva possível. Até por uma questão de justiça para com os restantes elementos da tua equipa, que se calhar, também se vêem desconfortáveis com esse colega.

É uma opinião, vale o que vale.

Boa sorte!

Pedro disse...

Ah, uma verdadeira mulher moderna num emprego moderno. Dá ideia que nestes trabalhos as pessoas são postas frente a frente no melhor fato a partilhar um espaço fechado das 9 às 5, mas se te abstraíres da água de colónia e da camisa Armani aquilo não passa de um jogo de selecção natural onde as guerras pessoais são incentivadas e apressadas para apurar, o mais rapido possivel, os duros. Posso estar totalmente enganado mas esse tipo de trabalhos é uma hierarquia onde quanto mais se sobe, mais cães de fila se vê - fruto da selecção, claro. E depois é vê-los de charuto aceso na mesa de pequenos-almoços do Tulip Inn.

Ão, ão. Tem cuidado.

M. disse...

Pollie: segui muitas vezes os fait-divers do teu emprego mas não esperava ver-me numa posição parecida. Não tenho medo de errar à primeira, logo se vê o que sai.

Lobi: Eu penso exactamente assim. Mas conhecendo-me como me conheço sei que posso não dizer as coisas da melhor maneira. Acho que vou treinar muito ao espelho :)

Pedro: Uma mulher moderna, sim. E um emprego moderno, também. Mas nada de pessoas engravatadas com charuto na boca! No dia em que eu for apenas mais uma yuppie a almoçar num centro comercial em Picoas, no dia em que me confundir com os demais tailleurs das outras tipas, acho que me despeço. Ou não, eu não sei nada.

(Quem é vivo sempre aparece!, o que eu gosto desta expressão...)