Apetecia-me escrever um post melancólico sobre os dias melancólicos que agora chegaram. Escreveria sobre este anoitecer precoce, sobre como já faço as viagens quase sempre à noite e sobre como saio do escritório e é noite cerrada, quando ainda na semana passada fazia Sol. Depois, descreveria como as noites ficaram geladas na minha cidade, as esplanadas vazias depois de semanas a fervilhar de gente, o aquecedor que já liguei no quarto, as noites que (penso) aí vêm sem vontade de festa. Mencionaria o transtorno do último regresso a Lisboa, enervada entre os condutores de fim de semana, as manobras perigosas de alguns e um leitor de mp3 que resolveu não funcionar durante toda a viagem, sabendo perfeitamente que antena também não existe. Se houvesse ainda tempo, dissertaria, por fim, sobre um vazio estranho; uma nódoa provocada pela rejeição; uma inaptidão para verbalizar emoções; e a incapacidade de assumir desejos.
Poderia escrever todo este post negro ou cinzento mas não quero. Apetece-me dizer que adoro esta época do ano porque há muita coisa que só acontece agora: as romãs, o bolo de milho da minha avó, os tortulhos de molho, os dias gelados mas de céu azul, o apaziguamento e a aceitação (vagarosa) de que só há Verão daqui a nove meses. No fundo, a minha respiração deixou de estar pesada porque sei que faltam dois dias para as férias e três dias para a viagem e os mesmos três dias para ver pessoas que me fazem falta e cinco dias para quem me deixou há mais tempo. Deixei de dormir mal e utilizo todo o espaço da minha cama de casal (e meio...) e, mesmo quando acordo a meio da noite, volto a dormir apenas em alguns instantes. Dou o braço a torcer e assumo que a vida não me trata mal, pelo contrário, e que não raras vezes me mima. E termino a pensar como é bom ouvir as palavras que escapam aos outros, como somos mais felizes quando perdoamos e relevamos, como sabe bem esquecer o romance por instantes e pensar só no superficial e como a vida continua. Apesar de tudo, de todos os infortúnios, de todas as desilusões e expectativas falhadas, apesar das contrariedades mínimas e máximas, apesar da inconstante vontade de avançar. É Novembro.
* ele aí está.
Poderia escrever todo este post negro ou cinzento mas não quero. Apetece-me dizer que adoro esta época do ano porque há muita coisa que só acontece agora: as romãs, o bolo de milho da minha avó, os tortulhos de molho, os dias gelados mas de céu azul, o apaziguamento e a aceitação (vagarosa) de que só há Verão daqui a nove meses. No fundo, a minha respiração deixou de estar pesada porque sei que faltam dois dias para as férias e três dias para a viagem e os mesmos três dias para ver pessoas que me fazem falta e cinco dias para quem me deixou há mais tempo. Deixei de dormir mal e utilizo todo o espaço da minha cama de casal (e meio...) e, mesmo quando acordo a meio da noite, volto a dormir apenas em alguns instantes. Dou o braço a torcer e assumo que a vida não me trata mal, pelo contrário, e que não raras vezes me mima. E termino a pensar como é bom ouvir as palavras que escapam aos outros, como somos mais felizes quando perdoamos e relevamos, como sabe bem esquecer o romance por instantes e pensar só no superficial e como a vida continua. Apesar de tudo, de todos os infortúnios, de todas as desilusões e expectativas falhadas, apesar das contrariedades mínimas e máximas, apesar da inconstante vontade de avançar. É Novembro.
* ele aí está.