agosto 06, 2008

Fragmento (s) *

[...] Quem te dera teres-lhe este amor. Quem te dera que ele pudesse ser o homem que imaginaste sempre que não conseguias dormir – sempre. Ele é bom e é bom para ti mas, quando pensas nele, há sempre um mas. Só que ele agarra-te pela cintura e fala-te de estrelas e diz que és uma cidade com muitos corações a baterem dentro de ti, que as ruas ensolaradas de Lisboa são como os caminhos do teu afecto, que os teus cabelos negros são as amarras invisíveis que o prendem aqui, que tens nos olhos todo o encanto das tardes de Verão passadas na Sra. do Monte. [...]

[...] Querias retribuir-lhe a poesia com mais poesia mas não sabes amá-lo doutra maneira. O tempo e a tua fraca habilidade para escolher foram roubando a tua capacidade para te abandonares ao amor. Por isso, amas o facto de ele te amar tão cegamente, amas o teu próprio reflexo nos olhos dele e sofres com esta sensação profunda de egoísmo que não tem remédio. Quando escolhes a camisola menos gasta, é em ti que pensas, é naquilo que vais encontrar quando ele olhar para ti. E como não lhe podes oferecer mais que este amor refreado e parcialmente triste, és totalmente sua para que nunca o possas magoar, para que a tua dor de ser não rasgue um dia as veias dele também. [...]

* da ficção que reclamo para mim própria.

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