dezembro 09, 2008

Tot *

Das nove da manhã às dez da noite com três alemães e uma inglesa. Apresentações sobre os resultados do ano que acaba agora, planos e orçamentos futuros, três línguas a enrolarem-se na minha cabeça. Um almoço num espanhol e um jantar num italiano. Às vezes não sei se fui talhada para isto ou se devia antes ter um monte afastado da estrada, uma cadeira de baloiço debaixo de um alpendre voltado para uma seara, três ou quatro pés de qualquer coisa semeados ali e um livro debaixo do braço. Imagino o silêncio de uma vinha a perder de vista, imagino só o crepitar das espigas no Verão, as cigarras que dormem de dia e acordam à noite. E acho que era mais feliz a caçar grilos, a deitar-me debaixo de figueiras, a cavar pequenos regos para a água chegar a todo o lado. E a comer fruta das árvores, a ouvir as histórias de quem sabe e a querer acordar de madrugada.

Mas temos que ganhar dinheiro. Or so they say.

*morta, em alemão.

5 comentários:

Maria del Sol disse...

O "no pain, no gain" é mesmo tramado... só nos resta o euromilhões para mudar de vida ou os fins-de-semana fugidios para respirar longe do betão. Não é muito consolador, mas é melhor do que nada. Força! :)

Unknown disse...

Bela imagem essa da vida calma no monte. Quem me dera ter pelo menos uns dias por mês assim...

Anónimo disse...

era naquela ao pe do vimieiro! era, era! era la q podia ser esse teu refugio, se ainda n tivesse sido vendido :(

(L)

K. disse...

Curioso ver este teu post hoje. Ontem estive muito tempo a falar com um amigo sobre os nossos trabalhos, as nossas vidas longe de quem queremos, ainda que ambos tenhamos renunciado à perspectiva da típica vida tradicional. As dívidas ao banco pela casa e pelo carro e pela televisao xpto, a vida vivida sempre no mesmo sítio, a rotina e a resignaçao foram deixadas pelo caminho, recusadas. E ainda assim… parece que falta algo. E entao ele falou do frio da sua distante terra natal, da neve e da lareira de uma casa antiga, da paz da tranquilidade provinciana. E eu falei do desejo de conhecer África, de poder de alguma forma fazer o que considero importante sem que uma qualquer multinacional me diga que isso é uma perda de tempo. Já chegamos aqui. Há que pensar que ainda há tempo para fazer o queremos. Há que fazê-lo.

Anónimo disse...

my thoughts exactly. estes dias ando a pôr muito em causa. [suspiro]