Agora que tudo passou, posso respirar fundo.
Já sei que toda a gente me vai dizer que ninguém está preparado para lidar com a dor- já ouvi isso algumas dezenas de vezes nos últimos tempos. E eu sei que isso é verdade. Eu era apenas inexperiente nestas matérias da eterna saudade e dos cartões que se escrevem em coroas de flores e das pessoas que nunca mais vamos ver na nossa vida. Todas as pessoas que me disseram que o tempo alivia, que eu preciso ter força já antes tinham sentido o mesmo desespero de não saber o que fazer com tantos sentimentos misturados, de acharem a cada dois minutos que aquilo é tudo um sonho, de não acreditarem no que estão a ver.
E eu, como todas as pessoas que dão por si de repente a meio do luto, achei que mais ninguém compreendia o que estava a sentir, quando, na verdade, toda a gente sabia melhor do que eu. Forçei-me a sentar-me no sofá ao lado da urna, mesmo sabendo que corria o risco de o ver. E acabei a olhar para ele umas duas ou três vezes, o invólucro do que um dia tinha sido o meu avô agora de mãos cruzadas, sereno como se dormisse a mais longa sesta do mundo.
Acho que isto tudo me transformou. Não sei ainda como mas sinto que saí renovada deste período turvo. Beijei tantas pessoas que não conhecia, vi a dor na cara das pessoas de quem mais gosto e por momentos esqueci-me que me doía também para poder abraçá-los. E eu sei que muita gente dirá que tudo isto não é nada de novo, é apenas o curso natural das coisas. Mas para mim, que vivo tantos momentos arredada da realidade, isto foi novo. E da próxima vai ser outra vez. Só serei uma pessoa ligeiramente mais experiente mas as olheiras serão as mesmas.
Já sei que toda a gente me vai dizer que ninguém está preparado para lidar com a dor- já ouvi isso algumas dezenas de vezes nos últimos tempos. E eu sei que isso é verdade. Eu era apenas inexperiente nestas matérias da eterna saudade e dos cartões que se escrevem em coroas de flores e das pessoas que nunca mais vamos ver na nossa vida. Todas as pessoas que me disseram que o tempo alivia, que eu preciso ter força já antes tinham sentido o mesmo desespero de não saber o que fazer com tantos sentimentos misturados, de acharem a cada dois minutos que aquilo é tudo um sonho, de não acreditarem no que estão a ver.
E eu, como todas as pessoas que dão por si de repente a meio do luto, achei que mais ninguém compreendia o que estava a sentir, quando, na verdade, toda a gente sabia melhor do que eu. Forçei-me a sentar-me no sofá ao lado da urna, mesmo sabendo que corria o risco de o ver. E acabei a olhar para ele umas duas ou três vezes, o invólucro do que um dia tinha sido o meu avô agora de mãos cruzadas, sereno como se dormisse a mais longa sesta do mundo.
Acho que isto tudo me transformou. Não sei ainda como mas sinto que saí renovada deste período turvo. Beijei tantas pessoas que não conhecia, vi a dor na cara das pessoas de quem mais gosto e por momentos esqueci-me que me doía também para poder abraçá-los. E eu sei que muita gente dirá que tudo isto não é nada de novo, é apenas o curso natural das coisas. Mas para mim, que vivo tantos momentos arredada da realidade, isto foi novo. E da próxima vai ser outra vez. Só serei uma pessoa ligeiramente mais experiente mas as olheiras serão as mesmas.
3 comentários:
Com uma lágrima no olho, de alguém que nunca se há-se conformar com a dor que é perder alguém que amamos, te deixo um beijo e um abraço apertado, muito mesmo...
Madalena e Laurinha, a minha semente, o futuro sorridente.
Estou aqui, para ti.
deixo-te também um abraço apertado!
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