Tem-me faltado a paciência mas principalmente o tempo para me sentar verdadeiramente ao computador e escrever o que me vai na alma. Esta recta final de 2011 foi demasiado atribulada para nós e custou-me até recuperar e voltar ao estado de normalidade. Como algumas pessoas, estou muito feliz por ver este ano finalmente a acabar. Preciso de um ano interinho, a estrear para que me possa sentir com forças e para que possa ver finalmente alguma melhoria.
Há um ano atrás tinha um bebé de colo e hoje tenho um borreguinho que não pára quieto em lado nenhum. Os desafios são outros: acabaram-se as dores do sono e da amamentação, começaram as dores dos primeiros passos, das primeiras quedas e das primeiras lutas pela independência. Quase não valia a pena falar no muito que fui aprendendo nestes últimos meses, porque ser mãe é exactamente ser posta à prova durante todas as horas do dia, sem direito a grandes pausas, sem sequer poder olhar para o lado sob pena de acontecer um acidente. Só que ser mãe também é ter a certeza de que nunca tinha gostado tanto de um abraço como daquele que me dá o meu filho sempre que entro em casa ou acabo de lhe vestir o pijama. Luto constantemente entre o medo de ser uma mãe negligente e a impressão de ser a melhor do Mundo.
Voltei a trabalhar em 2011, sem que o esperasse. Encontrei um lugar onde me sinto útil, bem recebida e nenhum dia houve em que tenha chegado chegado chateada por trabalhar. Ganhei novos amigos, bons colegas e continuo a longa aprendizagem de saber como não quero ser. Só que continuo a ter algumas ambições e a desejar profundamente o progresso e a mudança e tenho trabalhado bem para isso. É muito bom sentirmo-nos assim profissionalmente. Infelizmente, este ano que agora se anuncia vai ser tudo menos fácil e a única coisa que eu peço é que haja uma oportunidade para todos os que me são próximos. Tudo o resto vem por acréscimo.
Não vou dizer que não tenho medo do ano que aí vem. Na verdade, estou por dentro a tremer como varas verdes, especialmente quando olho para as dificuldades que já passámos este ano e que prometem não abrandar. Só que tenho esperança de um dia olhar para trás e sentir orgulho da forma como todos nós vivemos e sobrevivemos a estes anos tão difíceis, tão cheios de provações, instabilidade e desilusões. Quero acreditar que à nossa imensa capacidade de lutar e de arregaçar as mangas se vai juntar uma ínfima dose de sorte, um daqueles momentos em que se está no sítio certo à hora certa, para nos dar um empurrãozinho. Para mim, peço uma maior dose de calma e paciência. Para o meu filho, toda a saúde que lhe tem faltado e o mesmo sorriso com que corre na nossa direcção. Para o meu amor, o desafio profissional que lhe tem teimado em fugir. Para a minha família, um pouco da serenidade que estes tempos têm feito desaparecer. Para os meus amigos, peço apenas que os possa ver felizes na vida que escolheram e que possamos sentar-nos mais vezes à mesa a partilhar. A todos desejo um feliz 2012 e espero que, apesar de todos os arautos da desgraça nos governos, nas televisões e nos jornais do Mundo, possamos florescer no novo ano que amanhã começa. E que possamos aprender a reconhecer a felicidade nas pequenas coisas.
Até para o ano!