abril 13, 2009

[Continuamos em modo pausa para evitar espalhar este manto negro. Não há nada de interessante ou empolgante para contar, existem apenas os dias em que me vou arrastando entre casa e o hospital, cada vez mais cansada, mais lenta, mais intolerante. Aprendo agora a aceitar a maior tristeza que já senti, eu sempre perdida entre os meus amores e desamores. Engulo as lágrimas até poder, até a garganta se queimar com os meus soluços. Se ele não me trouxesse à tona, se não me puxasse para respirar, se não pudesse já compreender o vazio imenso que sou nestes dias, estaria voluntariamente isolada do Mundo. Conto apenas o tempo que falta para eu (nós) poder (mos) realmente descansar.)

7 comentários:

Eli disse...

Infelizmente ao ler estes teus últimos textos revi-me em cada palavra. Encontramos-nos na mesma situação. Neste momento as lágrima já me correm na cara e já nem sei porque estou a escrever isto... É duro, muito duro! Tal como tu nunca perdi ninguém próximo e sempre vi o meu avô como uma pessoa ágil e que lutava contra tudo e todos sozinho. Era determinado, teimoso e de feitio vincado. Agora vejo-o numa cama de hospital incapaz sequer de se levantar. E o que custa mais é que só o corpo dele se vai degradando, está mentalmente activo e apercebe-se do que o espera..... Diz frases de despedida que nunca pensei ouvir....

caracoleta violeta disse...

Um abraço...

formiga negra disse...

Olá M.
Percebo como te sentes, eu enfiei na cabeça que coisas más não acontecem a quem gosto e mesmo quando já toda a gente espera eu continuo a achar que não vai acontecer nada...
o meu Avô esteve muito doente e acabou por morrer faz amanha 3 semanas. A minha necessidade de controlo fez (e faz) com que evitasse qualquer contacto demorado, porque sabia que um abraço ou dar a mão um bocadinho mais de tempo ia fazer com que explodisse... Acabei por explodir, sozinha, e, sem eu saber, no momento em que ele desapareceu...

beijinhos e mt força p ti e p P.*

R. disse...

Não sei bem como vim aqui parar mas gostei muito da tua sensibilidade e da forma como a transportas para a escrita. Lamentavelmente parece que te descobri num momento menos bom e acredita que compreendo tão bem essa asfixia de que falas. Há uns meses perdi alguém fundamental na minha vida, uma das minhas âncoras, utilizando uma expressão tua. Perder quem se ama é quase contra natura se pensarmos em nós mesmos, é uma farpa no nosso equilibrio, mas é tão natural como a própria vida e esta é a verdade. E é por isso um processo de aprendizagem que passa acima de tudo por fazer do legado de quem parte a chama do nosso amor. Deixa-te alimentar sempre por esse amor que parte e sentirás que a perda é um pouco menos dolorosa.

beijo anorme

*abobora menina* disse...

Sei tao bem o que sentes. ha 9 anos vivi o mesmo. o meu Avô, forte e valente, ex-fumador de "Kentuki" e benfiquista de gema, perdeu as forças e passou os dois ultimos meses da sua corajosa vida a despedir-se devagarinho enquanto o seu corpo minguava.
é duro de mais perdermos quem nos é forte e por de mais querido. CORAGEM! aperta-lhe a mao!
sente-lhe o cheiro!
sente-lhe o arranhar da barba a nascer!
vai-te dar muita energia quando mais precisares!

um beijinho gigante no teu coração

Anónimo disse...

Beijo grande comadre :(

M. disse...

Obrigada a todos pelas palavras de conforto e pela vossa experiência :)

Quem me dera poder inspirar outras pessoas mas sinto-me demasiado frágil para isso. Conto regressar em breve ;)

*