Já estava mais do que na altura e o meu pai começava a insistir nisso. Que já tinham passado dois anos, que precisava tratar das coisas, que provavelmente me ia esquecer. Não me esqueci (seria difícil com tantos lembretes...) e lá fui eu - o diploma já está aqui pronto para que os meus pais possam servir-se dele à vontade.
Foi uma sensação muito, muito estranha. Voltar à universidade, depois destes anos todos, causou-me um certo mau estar. Entrei e nenhuma das caras me era familiar, a esplanada continua cheia de alunos que preferem passar o seu tempo ao Sol em vez de encerrados numa sala da torre velha, há um pavilhão novo, pré-fabricado que alberga qualquer coisa que se parece com um café. A secretaria estava vazia: ninguém à espera, nenhuma senha para ser chamada, nenhum funcionário a atender. Depois de uns minutos de espera (em que tentava chamar a atenção para a minha presença), chegou uma moça nova que franziu o olho quando ouviu ao que eu vinha. Talvez pensasse que o diploma tivesse sido pedido há meia dúzia de dias, talvez pensasse que eu não sabia ao que ia. Trouxe-me aquela solitária folha, rabiscada por três ou quatro pessoas, carimbada e numerada e plim, cortou-se este cordão umbilical.
Quando vi o meu reflexo nos vidros da repartição académica, reparei que estava a sorrir. De alívio, acho eu. Não é que os meus anos na faculdade tenham sido, na sua essência, maus. Mas a quantidade de escolhas absurdas e pobres decisões que fiz nos primeiros tempos não me deixou saudades nenhumas. Quando olho para trás, o que vejo é um caminho tão mas tão incerto, tão intermitente que me apetece apagar tudo e voltar ao início. Não é bem arrependimento: de certa forma, tudo o que fiz serviu para me trazer até aqui. Mas saber que podia ter feito muito melhor é um grande castigo e uma coisa difícil de admitir. E depois há a questão da inutilidade do curso. Entrei na minha primeira opção, na faculdade que queria - fui eu que escolhi esta inutilidade. Nem o facto de ter completado o curso com um minor na área da comunicação mudou alguma coisa.
A inocência de quem entra para o ensino superior chega a ser comovente: as ilusões todas que temos, o desejo de ser diferente, a vontade de ser o melhor. Quase tudo para chegar ao fim e nos dizerem que temos excesso de qualificações ou que o que estudámos não tem qualquer serventia profissional. E eu sei que o que é preciso é não cruzar os braços e continuar a tentar por outros meios, eu sei. Mas é complicado não pensar O que é que eu andei a fazer estes anos todos?. Em todo o caso, eu acho que encontrei a resposta a isto. Estive a crescer.
Foi uma sensação muito, muito estranha. Voltar à universidade, depois destes anos todos, causou-me um certo mau estar. Entrei e nenhuma das caras me era familiar, a esplanada continua cheia de alunos que preferem passar o seu tempo ao Sol em vez de encerrados numa sala da torre velha, há um pavilhão novo, pré-fabricado que alberga qualquer coisa que se parece com um café. A secretaria estava vazia: ninguém à espera, nenhuma senha para ser chamada, nenhum funcionário a atender. Depois de uns minutos de espera (em que tentava chamar a atenção para a minha presença), chegou uma moça nova que franziu o olho quando ouviu ao que eu vinha. Talvez pensasse que o diploma tivesse sido pedido há meia dúzia de dias, talvez pensasse que eu não sabia ao que ia. Trouxe-me aquela solitária folha, rabiscada por três ou quatro pessoas, carimbada e numerada e plim, cortou-se este cordão umbilical.
Quando vi o meu reflexo nos vidros da repartição académica, reparei que estava a sorrir. De alívio, acho eu. Não é que os meus anos na faculdade tenham sido, na sua essência, maus. Mas a quantidade de escolhas absurdas e pobres decisões que fiz nos primeiros tempos não me deixou saudades nenhumas. Quando olho para trás, o que vejo é um caminho tão mas tão incerto, tão intermitente que me apetece apagar tudo e voltar ao início. Não é bem arrependimento: de certa forma, tudo o que fiz serviu para me trazer até aqui. Mas saber que podia ter feito muito melhor é um grande castigo e uma coisa difícil de admitir. E depois há a questão da inutilidade do curso. Entrei na minha primeira opção, na faculdade que queria - fui eu que escolhi esta inutilidade. Nem o facto de ter completado o curso com um minor na área da comunicação mudou alguma coisa.
A inocência de quem entra para o ensino superior chega a ser comovente: as ilusões todas que temos, o desejo de ser diferente, a vontade de ser o melhor. Quase tudo para chegar ao fim e nos dizerem que temos excesso de qualificações ou que o que estudámos não tem qualquer serventia profissional. E eu sei que o que é preciso é não cruzar os braços e continuar a tentar por outros meios, eu sei. Mas é complicado não pensar O que é que eu andei a fazer estes anos todos?. Em todo o caso, eu acho que encontrei a resposta a isto. Estive a crescer.
5 comentários:
...revi-me tanto, tanto neste texto. eu tou a acabar, se tudo correr bem. e na essência, na é q os meus anos de faculdd tenham sido maus. mas tb n foram óptimos.
e quanto à escolha, bem... estive 5 anos num sítio contra natura, a minha primeira opção e vejo que não tenho a mínima vocação, seja lá o q isso for.
«que parva! pq é q n mudaste!?» não sei, falta d coragem, falta de saber o q fazer. fui ficando. não chumbei, tb n tive notas brilhantes, uma ou outra q me encheu de orgulho.
mas agr um nevoeiro de indecisão à minha frente. n podia estar mais desorientada.
mt medinho aqui por estes lados.
*tás a falar da FSCH da nova n tás? :)*
Conheço pessoas que estão a passar o mesmo que tu. Nem todas souberam encarar a situação da mesma maneira. Acho que por isso estás de parabéns.
tao lindo e tao verdadeiro. Agora fiquei com pele de galinha :)
Em parte revejo-me por completo no teu texto. E continuo na facul.
Ainda há pouco tempo, estive a olhar para o comprovativo de pagamento do meu diploma, já está todo quebrado, amarelecido do tempo...já lá vão quase 10 anos e ainda não fui buscar o meu diploma...enfim...algum dia lá ganharei coragem para ir enfrentar a secretaria da minha escola...
Jorge C.
*sim, era exactamente a fcsh! ;)*
rik, não sei se mereço ainda esses parabéns mas obrigada. Daqui a uns tempos verei se ainda aguento a pressão.
Sonita :)
Jorge, ganha lá coragem e vai, homem. Não dói nada ;P
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