"Kafka, in everybody's life there's a point of no return. And in a very few cases , a point where you can't go forward any more. And when we reach that point, all we can do is quietly accept the fact. That's how we survive."
(Kafka on the Shore, by H. Murakami)
Ando com esta página marcada há tempo demais. Porque não queria perder esta passagem, marquei o livro com um gancho que tinha à mão, um daqueles ganchinhos com que prendemos (domamos) o cabelo. Sempre que pegava no livro, abria-o nesta página e lia outra vez estas quatro frases. Sei que já cheguei ao meu ponto de não retorno, sei-o há muito tempo. Houve qualquer coisa em mim que quebrou, uma espécie de estilhaço interior, uma lembrança das guerras em que me lanço cada vez que me sinto calma. Momentos de quebra houve só um; momentos de revelação, a esses já perdi a conta. Muitas vezes quis reconstruir essa parte de mim e algumas vezes ma quiseram reconstruir. Mas se hoje me sento aqui, escrevendo este texto, podem avaliar do sucesso de todas essas tentativas.
O que ando a tentar evitar a todo custo é esse ponto em que, silenciosamente, aceitamos. O meu esforço, mais do que para me reparar, é para continuar em frente. Hoje, mais do que nunca, esgoto todas as possibilidades, calculo todas as alternativas, invento novas formas de conseguir o que quero. Sei que um dia escrevi que me sinto emotionally crippled, uma aleijada sentimental e emocional - não o nego. Mas conheci alguém que me fez levantar desse pântano de emoções, dessas areias movediças da auto-comiseração e que me fez ver como é estar novamente deste lado. Por isso, eu não quero aceitar. Eu quero-o. O desejo é tão grande que chego a sentir náuseas. E se ele não me quer, eu quero-o na mesma, porque ele me mostrou tudo o que interessa. E por isso posso passar longas horas pensando nele e na ironia e desafio do seu olhar, imaginando-o sozinho ou acompanhado, testando a minha resistência à distância. O que não vou fazer é aceitar e sobreviver. Não me conhecia assim mas está ainda longe o momento em que vou desistir.
(Kafka on the Shore, by H. Murakami)
Ando com esta página marcada há tempo demais. Porque não queria perder esta passagem, marquei o livro com um gancho que tinha à mão, um daqueles ganchinhos com que prendemos (domamos) o cabelo. Sempre que pegava no livro, abria-o nesta página e lia outra vez estas quatro frases. Sei que já cheguei ao meu ponto de não retorno, sei-o há muito tempo. Houve qualquer coisa em mim que quebrou, uma espécie de estilhaço interior, uma lembrança das guerras em que me lanço cada vez que me sinto calma. Momentos de quebra houve só um; momentos de revelação, a esses já perdi a conta. Muitas vezes quis reconstruir essa parte de mim e algumas vezes ma quiseram reconstruir. Mas se hoje me sento aqui, escrevendo este texto, podem avaliar do sucesso de todas essas tentativas.
O que ando a tentar evitar a todo custo é esse ponto em que, silenciosamente, aceitamos. O meu esforço, mais do que para me reparar, é para continuar em frente. Hoje, mais do que nunca, esgoto todas as possibilidades, calculo todas as alternativas, invento novas formas de conseguir o que quero. Sei que um dia escrevi que me sinto emotionally crippled, uma aleijada sentimental e emocional - não o nego. Mas conheci alguém que me fez levantar desse pântano de emoções, dessas areias movediças da auto-comiseração e que me fez ver como é estar novamente deste lado. Por isso, eu não quero aceitar. Eu quero-o. O desejo é tão grande que chego a sentir náuseas. E se ele não me quer, eu quero-o na mesma, porque ele me mostrou tudo o que interessa. E por isso posso passar longas horas pensando nele e na ironia e desafio do seu olhar, imaginando-o sozinho ou acompanhado, testando a minha resistência à distância. O que não vou fazer é aceitar e sobreviver. Não me conhecia assim mas está ainda longe o momento em que vou desistir.
1 comentário:
Eu cheguei agora a esse ponto :(
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